Katmandu está numa zona de colisão entre as placas tectónicas indiana e euro-asiática. Todos os anos as placas movem-se alguns centímetros, mas o sismo de 7,9 de magnitude pode ter feito deslizar a cidade três metros para sul.
Corpo do artigo
"Este sismo não foi uma surpresa porque estamos numa zona de colisão" das placas tectónicas, explicou à agência France Presse Yann Klinger, diretor do Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS) francês. "A placa indiana desloca-se em direção ao norte mais ou menos quatro centímetros por ano", acrescentou. Destes quatro centímetros, dois são no sentido sul-norte ao longo da falha principal dos Himalaias.
Aliás, foi do choque das duas placas indiana e euro-asiática que resultaram, há muitos milhões de anos, os Himalaias, com os picos mais elevados do mundo, entre eles o Monte Evereste, como ilustra esta imagem divulgada pelo jornal norte-americano Wall Street Journal.
O sismo de sábado, com 7,9 de magnitude, teve a particularidade de se registar muito próximo da superfície terrestre, com o epicentro a 15 quilómetros de profundidade e a cerca de 80 quilómetros de Katmandu.
James Jackson, especialista em tectónica ouvido pela agência France Presse, acredita que o sismo do fim de semana provavelmente fez "deslizar três metros para sul" a zona em redor de Katmandu, depois de ter analisado as ondas sísmicas registadas após o sismo.
O especialista defende ainda que a região da capital do Nepal se elevou 50 centímetros em direção ao norte, enquanto no norte uma área "baixou" 50 centímetros, alterando a cartografia daquela região.
Quanto ao Monte Evereste, James Jackson explica que apesar de o sismo ter provocado avalanches, tal não significa que o sismo alterou a altitude da montanha (8,848 metros), uma vez que "está demasiado longe" do epicentro do sismo.