Chá, cerveja ou alho. O que esgotou nos supermercados com compras para o confinamento
Para enfrentar o isolamento social, há quem se dedique à pastelaria, quem procure reforçar o sistema imunitário, e quem não abdica dos velhos vícios.
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Os Estados Unidos e a Austrália foram notícia em todo o mundo devido à compra em massa de papel higiénico , que motivou confrontos nos supermercados, aumento nos preços e escassez. Mas há outros produtos a voar das prateleiras desde que a pandemia de Covid-19 obrigou milhões de pessoas a passar mais tempo em casa.
Conta a Agence France-Presse que o caso mais surreal é o do Afeganistão. Uma mensagem corrente que se tornou viral no Facebook mostrava uma foto de um bebé que incentivava as pessoas a comprar chá preto.
"Vou viver durante duas horas e vim para vos dizer que o chá preto é a cura para este vírus", podia ler-se na publicação. A corrida aos supermercados foi tão grande que os preços chegaram a triplicar antes de a história ser, progressivamente, esquecida.
No México, a cerveja e a tequila foram os produtos mais procurados. Isto porque com o país em estado de emergência os dois maiores produtores - a Heineken e o Grupo Modelo (dono da cerveja Corona) anunciaram que iam parar.
A campanha nas redes sociais motivada pela hastag #ConLaCervezaNo incentivou a compra em massa, dizendo aos responsáveis do país que podiam fazer tudo, menos tirar a cerveja aos mexicanos.
Foi o que fez, por seu lado, o Sri Lanka, impondo uma lei para banir o álcool e o tabaco desde o início do período de confinamento no país, a 20 de março. O resultado foi uma explosão de destilarias caseiras, que por sua vez provocou uma procura desenfreada ao açúcar, essencial para produzir uma espécie de aguardente de fabrico artesanal conhecida por "kasippu".
No Iraque, ficar em casa é sinónimo de ver televisão ou passar os serões a conversar com a família. E para isso é preciso sementes de girassol salgadas, um aperitivo que depressa esgotou nos supermercados.
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Apesar de a Organização Mundial de Saúde já ter afirmado reiteradamente que nenhum remédio caseiro protege contra o novo coronavírus, na Bulgária, registou-se grande procura foi de limões e gengibre, devido às propriedades benéficas para reforçar o sistema imunitário, enquanto na Tunísia a aposta foi para o alho, pelos mesmos motivos.
Em Tripoli, capital do Líbano, a guerra piora os problemas da pandemia. Falta sobretudo papel para impressões. Nadia al-Abed contou à AFP que teve de reciclar folhas em branco de agendas de trabalho para que os filhos pudessem acompanhar as aulas em casa. E pede-lhes que escrevam com a letra mais miudinha possível.
Em vários países do antigo regime soviético e na Ásia central aumentou a compra, e o preço, de harmal, uma planta usada tradicionalmente para queimar em incenso. Diz-se que atrai saúde e prosperidade.
Um pouco por toda a Europa, há um produto que parece não faltar na dispensa de qualquer pessoa em isolamento social: farinha. Entre os que mais se dedicaram à confeção de pão e bolos em casa, destacam-se os franceses, os espanhóis e os gregos. Falta, por isso, farinha, chocolate e fermento nas lojas.
Na Roménia já se fala em "dealers do fermento" que fazem uma fortuna a vender no mercado negro o produto que já esgotou nas lojas.
Na Argélia falta semolina, muito usada na cozinha tradicional, em especial durante o Ramadão. E na Argélia são os ovos - além de faltarem, estão cada vez mais caros.
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Em Portugal, os produtos para a limpeza das mãos são os mais procurados nos supermercados, tal como conservas, fruta fresca, vegetais, massa, arroz, leite, pão, carne e peixe congelados, café e chá. Não há, no entanto, indicações de quebra nos stocks.
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