Paul Stephenson, chefe da Scotland Yard, demitiu-se no mesmo dia da detenção de Rebekah Brooks, ex-directora dos jornais britânicos do grupo Murdoch, no caso do escândalo das escutas.
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Esta demissão vem na sequência dos escândalos que estão abanar a política britânica e que até atingem os corpos policiais, numa altura em que Londres planeia a segurança para os Jogos Olímpicos de 2012.
«Tomei a decisão devido às especulações e acusações sobre as ligações entre a polícia metropolitana e a News International» - a divisão britânica do grupo Murdoch - e «em particular com Neil Wallis», ex-chefe adjunto do News of the World, referiu no decurso de uma conferência de imprensa transmitida em directo pela televisão.
Neil Wallis é o antigo director executivo do News of the World, o semanário que fechou depois de ter rebentado o escândalo das escutas. O jornal usava todos os métodos para descobrir notícias.
Contam os jornalistas britânicos que por detrás da demissão pode estar a ligação estreita que o comissário mantinha com Wallis, que ultrapassava a amizade.
O jornalista chegou a ser consultor de segurança da Scotland Yard, quando deixou o cargo no semanário de Robert Murdoch.
Na semana passada, o jornais britânicos contaram que o chefe da polícia passou cinco semanas de férias numa estância paga por Neil Wallis.
A demissão de Paul Stephenson já provocou reacções do primeiro ministro, David Cameron, que fez saber que respeita e compreende a decisão do comissário.
Também compreensivo mas mais desgostoso ficou o presidente da Câmara de Londres que recordou que Stephenson tinha reduzido o crime na capital britânica em nove por cento.
Este caso das escutas já está a ser investigado pelo FBI norte-americano.
A agência de investigação norte-americana anunciou no sábado que vai iniciar uma investigação ao império News Corp de Murdoch para averiguar se também houve escutas ilegais nos Estados Unidos a familiares de vítimas do 11 de Setembro.