
REUTERS/Eduardo Munoz
Os distúrbios em Ferguson, no estado do Missouri, na sequência da morte de um adolescente negro desarmado, colocaram os Estados Unidos sob a mira de duras críticas internacionais, nomeadamente da China e do Irão que acusam Washington de hipocrisia.
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Estes países, habituados a serem criticados pelos Estados Unidos em matéria de direitos humanos, defendem que os incidentes ocorridos em Ferguson após a morte do adolescente Michael Brown, morto a tiro por um polícia branco, evidenciam o «duplo critério» das autoridades norte-americanas, mas também as tensões raciais que ainda persistem naquele país.
Na China, o caso está a ter destaque na comunicação social. A agência noticiosa oficial chinesa Xinhua escreveu que os «tumultos de Ferguson revelam uma divisão racial nos Estados Unidos», salientando ainda «uma falha nos direitos humanos».
O mesmo artigo afirmou que o caso de Ferguson «demonstra uma vez mais que, mesmo um país que tem tentado desempenhar ao longo dos anos o papel de juiz e de defensor internacional dos direitos humanos, ainda existe muito espaço para realizar progressos em casa».
«O que os Estados Unidos precisam de fazer é concentrar-se em resolver os seus próprios problemas antes de apontar o dedo aos outros», acrescentou o mesmo texto.
Também surgiram nas redes sociais chinesas mensagens, algumas em tom irónico, sobre os distúrbios de Ferguson.
«Isto são os direitos humanos nos países democráticos», escreveu um utilizador da rede social Sina Weibo, um serviço similar ao Twitter criado na China.
Os acontecimentos em Ferguson também estão a ser seguidos com atenção no Irão, com Teerão a afirmar que o caso evidencia as divisões raciais nos Estados Unidos e o duplo critério em matéria de direitos humanos.
«A discriminação direcionada contra a comunidade negra na América pela polícia e pelo sistema judicial e a repressão de manifestantes (...) são claros exemplos de violações dos direitos humanos das minorias étnicas nos Estados Unidos», referiu o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, num comunicado.
Também o guia supremo iraniano, Ali Khamenei, se pronunciou sobre o assunto.
«Hoje, como no passado, os afro-americanos continuam sobre pressão, oprimidos e sujeitos a discriminação», escreveu Ali Khamenei na rede social Twitter.
A Rússia, que tem sido alvo da condenação internacional nos últimos meses por causa da intervenção na Ucrânia, também se pronunciou sobre os incidentes em Ferguson.