O Ministério das Finanças e o Banco Central de Chipre estão a efetuar «intensos esforços» para garantir a reabertura dos bancos na quinta-feira, enquanto aumentam os protestos contra o resgate internacional ao país mediterrânico.
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«O dia seguinte às rudes decisões que tivemos de adotar é muito difícil, como seria de esperar. Devemos gerir os múltiplos problemas que aparecem», referiu o porta-voz do Governo, Christos Stylianides, que justificou mais um adiamento da reabertura dos bancos, encerrados desde 16 de março para evitar uma fuga de capitais.
O Presidente conservador Nicos Anastasiades vai nomear uma comissão que integra especialistas, deputados e ministros para enfrentar a crise na ilha. O porta-voz do executivo precisou ainda que vai ser formada uma «equipa de gestão de crise» em cada ministério.
Os responsáveis cipriotas decidiram ainda designar uma comissão para investigar as responsabilidades da crise, uma decisão anunciada na noite de segunda-feira por Anastasiades durante uma comunicação ao país, onde reconheceu que o resgate firmado com a 'troika' de credores internacionais vai ser «doloroso» para o país.
«O Governo afirma o seu compromisso em satisfazer a necessidade de justiça social e vai remover todas as pedras para identificar os responsáveis desta tragédia económica sem precedentes», assegurou Stylianides.
Enquanto o Presidente se preparara para promover uma reunião para tentar baixar o preço da eletricidade, muito elevado na ilha, milhares de estudantes convergiram hoje para o palácio presidencial, em protesto contra o resgate negociado com a 'troika' de credores (União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) que vai implicar duras medidas de austeridade.
De manhã, o presidente do Bank of Cyprus (Banco de Chipre), Andreas Artemis, apresentou a demissão devido aos receios sobre o impacto do acordo na sua instituição e no estatuto da ilha, conhecida pelas atividades 'offshore' do seu setor bancário.
Cerca de 200 trabalhadores da instituição, inquietos com o seu futuro, manifestaram-se frente à sede do Banco Central, em Nicósia, antes de se deslocarem para a sede do seu banco, o maior da ilha, onde foram recebidos por um alto responsável.
Em paralelo, o ministro das Finanças já admitiu que a taxa sobre os depósitos bancários no Banco de Chipre superiores a 100 mil euros poderá atingir os 40%, muito superior ao inicialmente admitido.