Cimeira sem acordo "está a correr muito bem". Impasse não é problema para chanceler austríaco
Depois de um jantar de trabalho, os 27 não conseguiram chegar a bom porto, e o presidente do conselho europeu, Charles Michel, voltou a interromper os trabalhos, que deverão ser retomados ao meio-dia deste domingo.
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Sebastian Kurz mostra-se satisfeito com o andamento das negociações, apesar de ao fim de dois dias de cimeira não haver um acordo à vista.
Na noite de sábado, numa breve declaração aos jornalistas, descreveu o ambiente de "intensas negociações", a correr "como o esperado", embora esteja a ser "uma luta difícil". Ainda não há acordo, "mas há um movimento na direção certa e esse é o aspecto mais importante", frisou.
"A direção certa para nós: a nova proposta para Quadro Financeiro Plurianual foi ligeiramente reduzida [em relação à proposta de fevereiro] e há um desconto maior para a Áustria", da sua contribuição nacional, para o orçamento comunitário. "Isso já é muito bom, mas ainda queremos mais, é claro" afirmou o chanceler, que ontem defendeu cortes, nos montantes destinados aos subsídios a fundo perdido.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, avançou durante a tarde de sábado com uma proposta de corte deste fundo de 500 mil milhões, podendo reforçar parte do montante global a que os Estados podem aceder em forma de dívida, com evidente impacto nos envelopes nacionais, que não agradou ao primeiro-ministro italiano.
Esta noite, o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, veio dizer que não está de acordo, lamentando estar perante "um impasse muito mais difícil do que o esperado". Depois de um jantar de trabalho, os 27 não conseguiram chegar a bom porto, e o presidente do conselho europeu, Charles Michel, voltou a interromper os trabalhos, que deverão ser retomados ao meio-dia, menos uma hora em Lisboa.
As discussões voltarão a incidir no fundo de recuperação, sobre o qual, "ainda existem muitas perguntas em aberto", afirma o chanceler austríaco, com a certeza "é claro, que o volume será reduzido, também no que diz respeito às subvenções".
"Ainda estamos a discutir como garantir que o dinheiro seja usado com o objetivo correto: promover o progresso ecológico e digital e as reformas necessárias, em alguns estados membros, para aumentar a competitividade. Quanto à questão do Estado de direito, a Hungria e a Polônia têm uma posição muito clara, que não é compartilhada pela Áustria. Nesse aspecto, ainda não há avanço", afirmou.
Para o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, o trabalho deste domingo, para vários primeiros-ministros, incluindo o português, é tentar convencer o chamado grupo dos frugais de que a manutenção dos montantes é importante para toda a Europa.
"Todos devem entender que não é só a Itália que beneficia, não é apenas Espanha, ou Portugal, - que são os países mais afetados e menos resilientes - mas sim toda a Europa", afirmou, lembrando que a União Europeia é "uma economia integrada, em que todos devemos recuperar, e recomeçar juntos, ainda mais competitivos e mais resistentes, para competir no espaço global com a China e os Estados Unidos".
Porém, neste momento todos os dossiers estão em aberto, incluindo o dos montantes do fundo de recuperação da economia europeia. E, ao fim de dois dias de cimeira, o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, é o primeiro governante a assumir que as negociações chegaram a uma encruzilhada, da qual os 27 não conseguem sair.
"Estamos num impasse que está a mostrar-se muito complicado, mais complicado do que o esperado. Há muitas questões que ainda estamos a discutir que não conseguimos resolver", firmou o primeiro-ministro italiano, confirmando que o único ponto que estava encerrado, é agora objecto de discussão sem acordo.
"Muitos Estados, ou na verdade, até são poucos, estão a questionar a quantidade de subsídios", confirmou Giuseppe Conte, a referir-se ao montante de 500 mil milhões de euros que deveria ser atribuído em subvenções a fundo perdido, que ja foi posto em causa pelo chanceler austríaco, Sebastian Kurz.
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