O libertário ganhou as eleições, com 11 pontos de avanço sobre Massa, o candidato do regime. E começa hoje, feriado da soberania nacional, a dolarizar o país, a reduzir o estado, a implodir o Banco Central.
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A Argentina amanheceu nesta segunda-feira como o país mais liberal do mundo.
Na noite histórica de domingo, Javier Milei foi eleito presidente com mais de 55% dos votos, derrotando Sergio Massa, que somou pouco mais de 44%.
Milei, um ultraliberal, ultradireitista, libertário e anarcocapitalista chegado à política há dois anos, derrotou na segunda volta das eleições presidenciais o candidato do peronismo, poderosa corrente política de centro no país, assim como na primeira volta já havia afastado as demais formações históricas do caminho.
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Agora, com 53 anos, prometeu no discurso da vitória resolver os problemas de uma economia com quase 150% de inflação ao ano de forma drástica, sem meias tintas.
Essa "forma drástica" pressupõe, segundo as promessas do próprio, a dolarização do país e o fecho do Banco Central, a redução do governo para apenas oito ministérios e a privatização de tudo que for possível, nas áreas da educação, da saúde e até a legalização do comércio de órgãos humanos.
Milei tornou-se conhecido do grande público sobretudo durante a pandemia quando as suas aparições como comentador de economia na TV arregimentaram uma legião de fãs online, sobretudo jovens, encantados com a sua aparência incomum, despenteada, e os seus rompantes coléricos, chamava os interlocutores e os moderadores de esquerdosos e de burros sem pudores.
Iconoclasta, Milei classificou também o compatriota Papa Francisco de "representante do maligno", de "burro", de "comunista" e o divinal Maradona de "Diego Mar de Droga", além de elogiar o neoliberalismo de Margaret Thatcher, vista na Argentina como a face da sangrenta Guerra das Malvinas, nos anos 80.
Hoje, feriado da soberania nacional na Argentina, Milei vai reunir-se com Alberto Fernández, presidente cessante e apoiante de Massa, para definir a passagem de testemunho, a passagem para um futuro ultraliberal jamais visto no país, na América do Sul e, quiçá, no mundo.