Um dos acordos mais importantes do mundo, que regula as relações comerciais na América do Norte, foi fechado em direto durante uma chamada insólita, feita a partir da Casa Branca.
Corpo do artigo
Que Donald Trump é fã de reality shows não é novidade, mas parece que - dois anos depois de entrar na sala oval pela primeira vez - o Presidente dos Estados Unidos não consegue esquecer os tempos em que, num programa deste género, gritava a plenos pulmões "Está despedido". O último episódio voyeurista aconteceu esta segunda-feira quando Trump firmou um novo acordo comercial com o México através de uma chamada televisionada.
Luzes, câmara, ação. Trump está sentado na sala oval, na secretária estão dois telefones e espera-se que a ligação com o Presidente do México seja estabelecida, mas o guião foge do controlo do ator principal.
vre1i7Uwp5U
"Creio que o Presidente [do México] está ao telefone. Enrique?", começa por dizer Trump. A resposta do outro lado não chega e o Presidente dos EUA diz a um dos membros da sua equipa "Seja útil!". Depois de várias tentativas, ouve-se a voz de Enrique Peña Nieto do outro lado da linha e percebe-se que Trump estava a atender o telefone errado.
Ultrapassado o primeiro momento confrangedor, o diálogo entre os dois líderes prossegue. Durante cerca de vinte minutos, Trump e Peña Nieto conversam sobre um novo acordo comercial que vem substituir o NAFTA, Tratado de Livre Comércio da América do Norte, assinado há 24 anos entre os EUA, o México e o Canadá.
Quem não está em linha é o Canadá. O terceiro vértice deste triângulo amoroso diz que só continua na relação caso o acordo favoreça a classe média canadiana. A indecisão dos vizinhos de cima irrita Trump que ameaça terminar o namoro, caso o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, não avance para um acordo até sexta-feira.
Quem não fica contente com a exclusão do Canadá do novo acordo é Peña Nieto, que já manifestou junto dos dois líderes a vontade de renovar votos tanto com os EUA como com o Canadá.
1034089218220249088
Se Trudeau não aceitar um acordo, a dois ou a três, até sexta-feira, o Presidente dos Estados Unidos promete castigar o Canadá, taxando os carros produzidos no país vizinho.
Resta saber se o feitiço não se vira contra o feiticeiro, uma vez que grande parte dos carros produzidos no Canadá são de empresas americanas. Como explica o site Bloomberg, se Trump impusesse uma taxa sobre estes automóveis prejudicaria a Ford, a General Motors e a Chrysler, bem como os trabalhadores destas empresas que afirma querer proteger.