Mario Draghi vai falar com o Presidente italiano ainda esta noite.
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O primeiro-ministro de Itália, Mario Draghi, anunciou esta quinta-feira que vai apresentar a demissão ao Presidente da República, Sergio Mattarella.
Apesar de ter vencido uma moção de confiança esta tarde, no Senado, o governo perdeu o apoio do Movimento 5 Estrelas (M5S), de Giuseppe Conte.
Segundo Draghi, "o pacto de confiança que suportava as ações do Governo acabou" depois da decisão do M5S de se abster na votação da moção de confiança, distanciando-se dos restantes parceiros de uma coligação heterogénea, que inclui desde partidos da extrema-direita até à esquerda.
"Quero anunciar que esta tarde apresentarei a minha renúncia ao Presidente da República. A votação de hoje no Parlamento é um acontecimento muito significativo, do ponto de vista político", disse Draghi, durante o Conselho de Ministros, reunido em Roma.
"Nos últimos dias tem havido, da minha parte, o maior empenho em continuar a trilhar um caminho comum, tentando também satisfazer as necessidades que me têm sido apresentadas pelas forças políticas. Como ficou evidente no debate e votação de hoje no Parlamento, este esforço não foi suficiente", assinalou.
A iniciativa do M5S surge como ação de protesto contra um pacote de ajuda social e económico, no valor de 23 mil milhões de euros, para combater a inflação, aprovado pelo executivo e a que o partido se opôs por ser "insuficiente". Polémica é também uma das medidas incluídas no pacote, que prevê a construção de uma incineradora de lixo em Roma, algo que o M5S não aceita.
Num momento em que não há certezas sobre se Mattarella vai aceitar a demissão do primeiro-ministro, os partidos da extrema-direita italiana Lega e Fratelli d'Italia defendem que devem ser convocadas novas eleições.
Este foi apenas mais um dos episódios de desavenças entre Draghi e o M5S, que parecia cada vez mais distanciado da estratégia do Governo, criticando mesmo o apoio a Kiev na sua resistência contra a invasão russa.
Draghi assumiu o cargo em fevereiro de 2021, com a incumbência de lidar com a pandemia de covid-19 e ajudar o país na recuperação económica.
"No meu discurso de tomada de posse no Parlamento, disse que este Governo só deveria continuar se tivesse uma perspetiva clara de poder implementar o programa que todas as forças políticas votaram", disse o primeiro-ministro.
"Esta união foi fundamental para enfrentar os desafios destes meses. Estas condições já não existem", concluiu Draghi, perante os seus ministros, a quem agradeceu.
O futuro político de Itália está agora nas mãos de Mattarella, que decidirá os passos a seguir e que podem incluir a indicação de outro nome para governar ou convocar eleições antecipadas.