COP30: investigadores analisam potencial de sequestro de carbono e unem Portugal ao Pará

View of the entrance to the Museu das Amazonias at the dock area during the COP30 UN Climate Change Conference in Belem, Para State, Brazil, on November 11, 2025. The COP30 runs from November 10 to 21, and the 50,000 participants will feel the heavy, humid air of the Amazon rainforest, and face the daunting task of keeping global climate cooperation from collapsing.. (Photo by Mauro PIMENTEL / AFP)
Mauro Pimentel/AFP
A GreenColab, na área das algas marinhas, e CEiiA, na área aeroespacial, desenvolvem projetos considerados sustentáveis pela ONU e foram a Belém mostrar o que fazem aos líderes reunidos na 30.ª Conferência do Clima das Nações Unidas
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O CEiiA começou com um projeto piloto no estado da Rondónia e já captou nova parceria com o Estado do Pará, enquanto que o GeenColab está a arrancar com as primeiras experiências com algas marinhas, junto das comunidades ribeirinhas da baia de Guajará.
O CEIA, centro de engenharia e desenvolvimento de produto, com sede em Matosinhos, está envolvido num consórcio internacional para a proteção do Bioma Amazónico e tem em desenvolvimento um primeiro projeto no estado da Rondónia para, com ajuda de tecnologia aeroespacial, robótica e Inteligencia Artificial, desenvolver um método sustentável de monitorizar créditos de carbono.
As Nações Unidas, que consideraram o projeto inovador, convidaram os investigadores portugueses a apresentar a iniciativa na cimeira e acabam de ganhar mais uma parceria - desta vez com o próprio Estado do Pará.
No imediato, será constituído um grupo para definirem até janeiro de 2026 um projeto focado na recolha de dados sobre ocupação de solos e no mapeamento potencial de sequestro de carbono, envolvendo a fusão de dados geoespaciais e de observação da terra.
No âmbito desta parceria, acreditam que podem surgir novos projetos ligados ao desenvolvimento de tecnologias associadas com a sensorização - Big data, robótica, IA e desenvolvimento novos modelos de negócios, bem como novos modelos de certificação de créditos de carbono.
O objetivo desta parceria passa por envolver instituições, empresas e demais parceiros de seus respetivos ecossistemas de inovação para participar no desenvolvimento e na implementação dos projetos, promovendo ação a cooperação e a transferência tecnológica e de conhecimento entre Portugal e o Brasil.
Para o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia, Educação Superior, Profissional e Tecnológica do Pará, Victor Orengel Dias, "a parceria firmada com o CEiiA reafirma o compromisso do Pará em construir uma ciência conectada às demandas socioambientais da Amazónia, utilizando tecnologias avançadas que agregam valor económico às riquezas naturais da região".
Esse movimento fortalece o parque tecnológico de Guamá como um ambiente estratégico de inovação, faz uma pesquisa aplicada e promove negócios voltados à biodiversidade, impulsionando o desenvolvimento do Vale da Biotecnologia e ampliando as oportunidades de integração entre conhecimento científico e crescimento sustentável.
Já para Gualter Crisóstomo, diretor executivo do Digital Innovation Hub do CEiiA, que contou com um investimento inicial de dois milhões de euros, este é mais um passo que incentiva outros. "A parceria é um incentivo para em conjunto, aproveitando e potenciando as competências de cada parceiro, podermos desenvolver conhecimento, produtos e serviços que podem responder a desafios da Amazónia e que por isso são globais", diz.
O GreenColab veio à COP30 a convite da OCDE mostrar o que faz no laboratório colaborativo instalado em Faro, no desenvolvimento de produtos a partir do tratamento de microalgas e já conseguiu uma parceria para iniciar as primeiras experiências com a academia local e algumas comunidades ribeirinhas da Baia de Guarajá.
A partir de microalgas tem vários produtos em desenvolvimento, em vários domínios, desde adubos para a agricultura, a rações para animais e bens alimentares.
Pronta a entrar no mercado, tem uma cerveja artesanal com "sabor a mar" e já desenvolveu uma substância semelhante a um ovo, que já deu a experimentar a chefs de cozinha, tendo já como resultado bens confecionados, como o pastel de nata - que quem provou diz que em tudo se assemelha ao original.
O GreenColab preencheu esta primeira semana de COP30 com várias expedições no terreno e palestras na Geenzone no recinto da cimeira e acompanhada de um livro infantil que editou para oferecer aos participantes a explicar o que faz para oferecer inovações ao mercado.
Os investigadores do GreenColab idealizam, prototipam e otimizam processos e depois procura entidades parceiras interessadas na sua exploração comercial dos produtos.
Neste momento tem já três inovações no mercado: um biostimulante Allfertis, uma plataforma especializada de análises e avaliação de ingredientes para a aquacultura e também clorelas.
Até ao final do mês estará fechado o acordo para a cerveja de algas ir para o mercado no início do próximo ano.
