Desligado um dos reatores da central nuclear de Zaporijia após bombardeamento russo
Ministério da Defesa russo afirma que a situação em Zaporijia está "sob controlo".
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Um dos seis reatores da central nuclear de Zaporijia, controlada pelas forças russas no sul da Ucrânia, foi fechado esta quinta-feira, na sequência de mais um bombardeamento das tropas de Moscovo, informou o operador público ucraniano Energoatom.
"Hoje, às 4h57, devido a outro bombardeamento por parte das forças de ocupação russas no complexo da central nuclear de Zaporijia, a proteção de emergência foi ativada e a unidade de energia operacional 5 desligada", adiantou a empresa através de um comunicado divulgado antes da chegada de uma missão da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) ao local.
A central nuclear, a maior da Europa e a terceira maior do mundo, já foi desligada da rede na semana passada, por motivos que ainda não foram totalmente esclarecidos.
Já o Ministério da Defesa russo disse que a situação em Zaporijia está "sob controlo".
"A situação em torno da central nuclear é complicada, mas está sob controlo", diz um comunicado divulgado pelo ministério russo.
A nota reitera a disposição das forças russas em receber os inspetores da AIEA e garantir condições de segurança para que realizem o seu trabalho.
Antes, o exército russo acusou as tropas ucranianas de terem enviado uma equipa de "sabotadores" para as proximidades da central nuclear, no dia da visita da AIEA.
Por outro lado, e de acordo com informações do ex-presidente da Câmara da cidade, Dmytro Orlov, os russos atacaram novamente Enerhodar, a cidade satélite perto da central nuclear, onde vários civis ficaram feridos.
As autoridades pró-russas da região disseram que a missão da AIEA já entrou em território controlado pelo Exército russo na região de Zaporijia e que se dirige para Energodar, cidade vizinha da central.
Entretanto, o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) pediu esta quinta-feira a suspensão de todas as operações militares em torno da central nuclear, alertando que um ataque seria "catastrófico".
"É altura de parar de brincar com o fogo e de tomar medidas concretas", disse o diretor-geral do CICV, Robert Mardini, a jornalistas em Kiev.
"O menor erro de cálculo pode causar estragos que lamentaríamos por décadas", alertou Mardini.
Uma coluna com cerca de 20 carros, metade destes identificados com as siglas da ONU, e uma ambulância, chegou à localidade de Zaporijia, localizada a cerca de 50 quilómetros em linha reta da central nuclear, ao início da tarde de quarta-feira.
A missão da agência, de 14 pessoas, recebida pelo Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky no dia anterior em Kiev, deixou a capital, na manhã de quarta-feira.
A Rússia admitiu permitir que a AIEA estabeleça uma representação permanente na central nuclear de Zaporijia, acedendo às exigências de Kiev.
"Vamos ver os resultados iniciais da sua presença lá, primeiro. (...) Mas não descartamos essa possibilidade. O assunto está a ser analisado", disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Andrei Rudenko, citado pela agência Interfax.
O diretor-geral desta agência da ONU, Rafael Grossi, confirmou na quarta-feira, antes de partir de Kiev em direção a Zaporijia, que a missão tenciona passar vários dias na central e que a organização também pretende criar uma representação permanente nas instalações.
A central caiu nas mãos das tropas russas em março, logo após Moscovo ter iniciado a invasão da Ucrânia, tendo sido alvo de vários bombardeamentos pelos quais Moscovo e Kiev negam responsabilidade.
Apesar dos relatos de bombardeamentos nas proximidades de Zaporijia, o diretor-geral da AIEA decidiu manter as visitas à central nuclear.
"Houve atividades militares, inclusive esta manhã, há alguns minutos, mas não paramos, vamos continuar", disse Grossi aos jornalistas.
"Vamos começar imediatamente a avaliar a situação de segurança da fábrica", acrescentou.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A ONU confirmou mais de 5.600 civis mortos, sublinhando que este número está muito aquém dos valores reais.
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