Na opinião do embaixador Tânger Correia, a detenção de Ratko Mladic é um «acto de grande coragem» por parte do governo sérvio, que não deverá trazer grande agiatação a este país.
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O embaixador Tânger Correia considerou que a detenção de Ratko Mladic, procurado desde 1995 por crimes contra a humanidade, foi um «acto de grande coragem» por parte do presidente sérvio, Boris Tadic.
Ouvido pela TSF, este diplomata português, que já exerceu funções na Bósnia e na Sérvia, lembrou que o actual governo sérvio «nada tem a ver com as pessoas e as entidades que governavam o país na altura dos massacres e da guerra».
Este ex-representante da União Europeia nos Balcãs disse ainda não esperar que esta detenção traga agitação, uma vez que «já passou muito tempo» sobre a guerra e por a «Sérvia ser hoje em dia um país democrático com instituições democráticas a funcionar».
«É evidente que há pessoas que vão ficar profundamente descontentes, mas Mladic está há muito tempo fora da cena pública. É mais um escondido, um mito. Quando Karadzic foi detido também se esperava que houvesse grandes alterações sociais e não houve», lembrou este embaixador.
Este diplomata admitiu que se poderão verificar «algumas manifestações e algumas demonstrações de descontentamento», mas estas «não serão um factor decisivo para o futuro da Sérvia».
Tânger Correia entende ainda que esta detenção abre portas à integração sérvia na União Europeia e significa o «fim de um ciclo de turbulência no centro da Europa numa zona geoestratégica extremamente importante».
Para este embaixador, «não podemos permitir ter guerras ou conflitos» nesta «região que estrategicamente é importantíssima para a Europa, concretamente para a Europa comunitária».