O dono do prédio de oito andares que na quarta-feira ruiu no Bangladesh matando 372 pessoas foi hoje detido quando tentava fugir para a Índia, informaram fontes oficiais.
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«Foi detido e será julgado», disse aos jornalistas o vice-ministro do interior, Shamsul Haque Tuku, numa referência a Sohel Rana, alegadamente dirigente do partido no poder, que era proprietário do edifício onde funcionavam cinco fábricas de roupa e que violava o código de construção do país.
O chefe da força policial de ação rápida, Mukhlesur Rahman, disse à AFP: «Rana foi detido na fronteira de Benapole. Foi levado de volta para Dacca num helicóptero».
O número de vítimas mortais da queda de um prédio de oito andares no Bangladesh subiu para 372 e deverá aumentar ainda mais, noticia a AFP, que diz serem visíveis dezenas de corpos entre os escombros.
Mais de 2.400 pessoas foram resgatadas com vida desde a queda do edifício, na quarta-feira nos subúrbios de Dacca.
O chefe dos bombeiros Ahmed Ali disse hoje à agência francesa que as hipóteses de encontrar pessoas com vida nos escombros são cada vez mais reduzidas, mas pouco depois mais duas pessoas foram salvas, cerca de 100 horas depois de o prédio desabar.
Com a esperança de encontrar sobreviventes a desvanecer-se, as equipas de socorro começam a considerar usar equipamento pesado nos trabalhos.
«Já levámos equipamento pesado para o local do acidente, mas estamos à espera de garantia dos socorristas no interior dos escombros de que não há nenhum sobrevivente preso nos destroços», disse Ali à AFP no local.
Até agora, os socorristas têm usado apenas ferramentas manuais, como cortadores e brocas, temendo que o uso de gruas possa pôr em risco as hipóteses de sobrevivência das vítimas ainda presas nos escombros.
Centenas de militares e bombeiros, bem como trabalhadores das cinco fábricas que funcionavam no prédio que se ofereceram como voluntários, continuavam hoje a aparecer no local da tragédia, sujeitos ao cheiro cada vez mais forte de corpos em decomposição.
«A nossa esperança é que possamos ainda encontrar algumas pessoas vivas debaixo dos escombros», disse Ali. «Vamos usar as gruas com muito cuidado para não diminuir as hipóteses de sobrevivência das vítimas».
Dezenas de corpos são visíveis no interior da montanha de betão, o que deixa antecipar que o número de vítimas do maior acidente industrial do país deverá ser ainda maior.
O Bangladesh é o segundo maior produtor de roupa e a indústria têxtil é a base da economia do país. No entanto, tem índices de segurança chocantes e já em novembro 111 pessoas morreram num incêndio numa fábrica.
O acidente levou a novas acusações por parte de ativistas de que as multinacionais ocidentais colocam os lucros à frente da segurança ao produzirem os seus produtos em países onde os trabalhadores ganham menos de 40 dólares por mês,
No sábado, dois responsáveis das fábricas e dois engenheiros municipais foram detidos por alegadas responsabilidades na tragédia e enfrentam acusações preliminares de homicídio por negligência. Os sobreviventes contam que na terça-feira eram visíveis rachas no edifício, mas os patrões ordenaram aos funcionários que regressassem ao trabalho.