O antigo presidente da Comissão Europeia, entrevistado pela TSF, critica os países europeus por defenderem esforços concertados, por um lado, mas, por outro, não acertam "agulhas" para uma política comum de apoio aos refugiados.
Corpo do artigo
Durão Barroso lamenta a atitude dos países europeus relativamente à imigração ilegal. Em entrevista à TSF, o antigo presidente da Comissão Europeia insiste na necessidade de a Europa ter uma política comum de ajuda aos refugiados.
O antigo responsável em Bruxelas lembra que «isso foi o que a Comissão Europeia sempre tentou e alguma se conseguiu, mas suficientemente. Mais uma vez quero lembrar que as responsabilidades em relação, por exemplo, a ajuda a refugiados são responsabilidades nacionais. Não é uma competência da União Europeia. Eu gostava que fosse, só que os países procuram manter as suas prerrogativas nessa matéria. Só quando têm dificuldades, como é agora o caso da Itália, que recebe muitos refugiados que querem chegar à Europa, é que os países se lembram de dizer que isto deve ser dividido por todos».
Nesta entrevista à TSF, que decorreu à margem de uma conferência em Roma, promovida pela consultora EY, sobre o crescimento económico nos países do Mediterrâneo, Durão Barroso lembrou, ainda, que a Frontex, a agência europeia que patrulha o Mediterrâneo tem ainda muito poucos meios.
«A Comissão Europeia não tem barcos, não tem helicópteros, não tem aviões. As instituições europeias não podem fazer nada se não forem os governos a por esses meios à disposição. Eu lembro-me quando a agência Frontex começou a trabalhar tinha cerca de 60 pessoas, que é menos do que uma esquadra da polícia em Paris. Como é que se pode responder aos problemas da imigração ilegal, clandestina com esse número de pessoas? Temos que por ao serviço das instituições europeias, se queremos ter uma política europeia, meios suficientes. Meios humanos, financeiros, operacionais e logísticos. Isso agora começa a ser feito, mas não é suficiente».