A epidemia do vírus Ébola poderá custar entre 1% e 1,5% do Produto Interno Bruto dos países da África Ocidental afetados pelo surto, segundo o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).
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Globalmente, o Ébola vai «provavelmente custar 1% ou 1,5% do PIB dos países da União do Rio Mano», organização que integra a Libéria, a Serra Leoa e a Guiné-Conacri, «países que começavam a recuperar dos difíceis anos de crise, das guerras civis das décadas de 1960, 1980 e 1990», referiu hoje o presidente do BAD, Donald Kaberuka, numa conferência de imprensa.
As previsões da organização apontam igualmente que a Costa do Marfim, o quarto país daquela organização mas que ainda não foi afetado pela epidemia, deverá sofrer as mesmas consequências financeiras.
Donald Kaberuka alertou ainda que a segurança alimentar na Libéria, país que regista mais casos e mais vítimas mortais, também está «em risco», uma vez que o vírus ameaça a manutenção das colheitas agrícolas.
Neste país, «se hoje as pessoas não se ocupam da agricultura, existirá uma crise alimentar. É o primeiro impacto direto sobre os agricultores desta região», apontou.
Para além da crise imediata e a médio prazo, o responsável considerou que «a multiplicação das medidas de encerramento de fronteiras terrestres e aéreas em muitos países africanos», decididas por «precaução», irá custar «muito» ao comércio e aos fluxos económicos da região.
África, na sequência do vírus Ébola, «arrisca a sua imagem, a fuga de investimentos, uma nova estigmatização, quando o continente começava a descolar», lamentou Kaberuka.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) contabilizou, até 20 de agosto, 1.427 mortos em 2.615 casos identificados em quatro países da África Ocidental.
A Libéria é o país mais afetado, com 624 mortos em 1.082 casos, seguindo-se a Guiné-Conacri, onde foram registados casos a cerca de 150 quilómetros da fronteira com a Costa do Marfim, com 406 vítimas mortais. A Serra Leoa (392 mortes) e a Nigéria (cinco mortes) são os outros países afetados pela epidemia.