A Junta Militar e os partidos políticos acordaram a formação de um governo de «salvação nacional» com plenos poderes e anunciaram a convocação de eleições presidenciais até 30 de Junho.
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O acordo sobre a formação de um governo de «salvação nacional» - após cinco horas de reunião entre representantes do Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA) e os principais movimentos políticos -, foi confirmado por outros representantes de forças políticas que participaram no encontro, incluindo a influente Irmandade Muçulmana.
«A missão do novo governo será a concretização dos objetivos da revolução de 25 de Janeiro», indicou à agência noticiosa AFP Mohamed Selim al-Awwa, o candidato islamista à presidência da República.
Em paralelo, os militares - no poder no Egito desde a queda do ex-presidente Hosni Mubarak em Fevereiro - comprometeram-se a transferir o poder para um governo civil em 1 de Julho de 2012, quando foram divulgados os resultados oficiais das eleições presidenciais que decorrerão na véspera.
A Junta Militar terá ainda aceite a demissão do governo do primeiro-ministro Esam Sharaf e concordou manter o início do processo eleitoral das legislativas para segunda-feira, a data inicialmente prevista.
Os generais também se comprometeram em identificar os responsáveis pelos ataques dos últimos dias contra os manifestantes concentrados na praça Tahrir, quando a repressão policial provocou desde sábado mais de 30 mortos e cerca de 1.800 feridos em diversas cidades do país, sobretudo na capital.
Uma fonte militar indicou ainda à AFP que no decurso da reunião foi sugerido o nome o antigo chefe da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Mohamed ElBaradei, para o cargo de primeiro-ministro do novo governo de transição, substituindo Esam Sharaf, demissionário desde a noite de quinta-feira.
As forças políticas e os generais concordaram na libertação até ao próximo sábado de todos os detidos nas recentes manifestações.
As medidas foram anunciadas quando decorria mais uma enorme concentração popular na emblemática praça Tahrir e em outras cidades egípcias, para exigir a renúncia imediata da Junta Militar e a transferência do poder para uma autoridade civil.