A Irmandade Muculmana fala em 250 cadáveres entre os apoiantes do presidente Morsi do Egito vitimas da intervenção da polícia após dispersar os manifestantes na capital do país.
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A Irmandade Muçulmana, que apoia o Presidente deposto, fala de 250 mortos e cinco mil feridos enquanto as autoridades referem sete vítimas mortais, dois das quais polícias e acusou os manifestantes de terem disparado armas de fogo contra as autoridades.
No entanto, um jornalista da AFP contou 43 cadáveres, todos homens e com sinais de terem sido atingidos a tiro, no hospital de campanha instalado na praça Rabaa al-Adawiya, no Cairo.
No local o jornalista da AFP constatou ainda que um homem que tinha sido atingido por uma bala na cabeça, «ainda respirava» mas não estava a receber cuidados médicos.
O Ministério da Saúde informou que há 15 mortos e 203 feridos na sequência da operação policial.
Duas horas após o início da operação, o ministro do Interior anunciava que a Praça Nahda no Cairo estava «totalmente controlada», um mês depois de ter sido ocupada pelos islamitas que apoiam o chefe de Estado deposto.
Na Praça Rabaa al-Adawiya, onde o acesso foi interdito aos jornalistas que tentaram entrar hoje no local, foram disparados tiros de armas automáticas e verificou-se o disparo de granadas de gás lacrimogéneo contra as tendas dos manifestantes montadas no local.
Durante a carga da polícia ouviam-se cantos religiosos difundidos pelos amplificadores instalados na praça e nas ruas circundantes.
Ao mesmo tempo, os islamitas bloquearam os acessos principais à capital, incendiaram pneus em diversas estradas do país «para paralisar o Egito e denunciar um massacre».
A televisão estatal já difundiu imagens das praças onde se concentravam os apoiantes de Morsi onde se viam colunas de fumo, tendas destruídas, veículos abandonados e membros das forças de segurança com equipamento anti distúrbio.
De acordo com a agência espanhola EFE, o destacado dirigente da Irmandade Muçulmana Mohamed el Beltagui foi detido pela polícia num edifício perto da Praça Rabaa al-Adawiya no Cairo.
Um porta-voz da Irmandade Muçulmana, através da conta na rede social Twitter, apelou aos egípcios para saírem à rua e «travarem o massacre».
Entretanto, o Governo anunciou que as ligações ferroviárias entre o Cairo e o resto do país foram interrompidas.
O atual clima de tensão no Egito iniciou-se a 30 de junho, quando diversos setores da oposição promoveram grandes protestos exigindo a deposição do Presidente islamita Mohamed Morsi, eleito em junho de 2012 nas primeiras eleições livres no país.
Morsi provinha da Irmandade Muçulmana, que também venceu as legislativas organizadas após o derrube, em fevereiro de 2011, do regime autocrático de Hosni Mubarak.
Em 03 de julho o Presidente foi deposto e detido pelos militares, tendo sido formado um Governo de transição, entre os protestos das correntes islamitas que exigem o seu regresso ao poder.