Conservadores e trabalhistas estão taco a taco. Os partidos mais pequenos prometem dar luta. Os nacionalistas escoceses sobem a pique. A professora Eunice Goes aceitou "jogar" com a TSF, o xadrez político que se segue.
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A não ser que aconteça uma absoluta surpresa, é quase certo que das eleições de hoje na Grã-Bretanha não sairá um vencedor com maioria para formar governo sozinho.
Conservadores e Trabalhistas estão divididos e iguais nas sondagens, com pouco mais de 30 por cento dos votos. A expectativa sobre os resultados que terão os partidos mais pequenos, o nacionalista UKIP, os liberais democratas e também os verdes é grande. Os nacionalistas escoceses já são dados como um dos vencedores do dia de hoje.
São peças de um xadrez de desfecho incerto que a TSF apresentou a Eunice Goes. Para esta professora de Ciência Política na London School of Economics há já uma coisa que estas eleições já tornaram claro: a Grã-Bretanha tem com urgência de proceder a uma reforma do seu sistema politico.
Ed Miliband e David Cameron podiam ter feito mais durante a campanha para sair do empate em que a iniciaram? Podiam certamente, diz Eunice Goes, mas o problema mais fundo é outro.
"Os conservadores e os trabalhistas normalmente não conseguem ganhar maiorias por problemas deles próprios, mas também porque os eleitores vêm-se agora atraídos por partidos que parecem oferecer outras coisas. Tais como ecologia, resolver problemas de imigração, anti-austeridade".
O país deixou definitivamente de fazer uma escolha limitada a dois e passou a ser multipartidário. Nessa medida, o sistema eleitoral terá forçosamente de ser alterado, diz a professora, que lamenta que esse não tenha sido um propósito assumido nesta campanha por trabalhistas e conservadores. Eunice Goes percebe porque não o fizeram. "Não era do seu interesse. Os perus não votam a favor do Natal", ironizou.
Por outro lado, a generalidade dos eleitores não está o preocupada com isso. Preferem saber se vão pagar mais impostos, que saídas se apresentam para o desemprego ou se o sistema nacional de saúde está em risco. Nesse plano, os dois maiores partidos têm no programa caminhos claramente distintos. De um dos lados, dos trabalhistas, há um "engulho" que durante a campanha refreou o discurso, como explica esta professora portuguesa da London School of Economics.
"Eram vistos como um partido sem credibilidade económica, porque os britânicos continuam a culpar os trabalhistas por terem causado a grande recessão de 2008".
Para esta especialista em politica britânica, os vencedores garantidos destas eleições são os nacionalistas escoceses, que vão conquistar quase todos os lugares a que aquela parte do Reino Unido tem direito no Parlamento de Londres. É a desforra do não no referendo de independência e a vitoria de Nicola Sturgeon.
"É extremamente popular. Aparece aos olhos dos eleitores como alguém normal, pragmático, com visão e com compaixão".
O grande prejudicado pela ascensão dos nacionalistas escoceses é o Partido Trabalhista. Ironicamente, pode ser com eles que, por muito que lhe custe, Ed Miliband terá de se entender para formar governo.