A viagem do Presidente francês a Israel comporta riscos para a imagem da França como apoio "incondicional" a Israel, numa altura em que a guerra em Gaza se torna cada vez mais violenta. Emmanuel Macron vai ter de encontrar as palavras e os gestos certos para que esta visita seja útil e não apenas simbólica.
Corpo do artigo
Desde o início do conflito no Médio Oriente, Emmanuel Macron declarou que só iria a Israel se houvesse "uma agenda útil e ações muito concretas para se deslocar". Decidiu finalmente ir a Telavive, esta terça-feira, numa visita que divide as alas políticas francesas.
O Presidente francês vai visitar as famílias dos 30 cidadãos franceses que morreram no ataque do Hamas a 7 de outubro, e as dos sete presumíveis reféns.
TSF\audio\2023\10\noticias\24\ligia_anjos_visita_macron_a_israel_trad
A viagem ganha, portanto, uma dimensão política, uma vez que o Presidente se desloca a um país em guerra, e, por isso, não isento de riscos, como o fizeram na semana passada a ministra dos Negócios Estrangeiros, Catherine Colonna, como a presidente da Assembleia Nacional, Yaël Braun-Pivet.
A visita pode congelar a imagem da França como apoio "incondicional" a Israel, segundo a frase utilizada nos primeiros dias depois do ataque do Hamas, e que se tornou difícil de defender perante as críticas da oposição da ala esquerda.
Segundo analistas, existe um duplo perigo interno e externo, que leva Emmanuel Macron a Israel esta terça-feira. O primeiro perigo tem a ver com o que está a acontecer na Faixa de Gaza e sobre a iminente operação terrestre israelita. Tal como têm feito outros países ocidentais, a França tem apelado, de forma tímida, a Israel para que respeite o direito humanitário internacional. A primeira-ministra, Elisabeth Borne, condenou a violência no Médio Oriente.
"Como sublinhou no Cairo este fim de semana a ministra dos Negócios Estrangeiros, Catherine Colonna, a distribuição da ajuda exige tréguas humanitárias que poderão desembocar num cessar-fogo. Pedimos estas tréguas o quanto antes. É um ponto importante, pelo que denuncio as contra verdades difundidas, nomeadamente, pela propaganda russa: no Conselho de Segurança a França apoiou o projeto de resolução do Brasil neste sentido."
Quanto aos reféns franceses, a França vai tentar ativar relações com o Catar, que desempenha o papel de mediador com o Hamas e obteve a libertação dos dois primeiros reféns norte-americanos. Emmanuel Macron vai tentar encontrar as palavras e os gestos para que esta visita seja "útil" e não apenas simbólica.