À TSF, o investigador José Pedro Teixeira Fernandes diz que é prematuro perceber se a rebelião irá ter efeitos na guerra na Ucrânia.
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O investigador José Pedro Teixeira Fernandes considera que o discurso de Vladimir Putin marca o fim do Grupo Wagner.
"Há aqui claramente uma mensagem de separação entre um núcleo de mercenários responsável pelo que aconteceu, que ele não diz explicitamente quem são, incluindo Prigozhin que chefiava até agora o Grupo Wagner, e o resto da massa dos combatentes. O que se percebe aqui é que está em marcha um processo de desmembramento do Grupo Wagner tal como o conhecíamos", disse à TSF o investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI).
José Pedro Teixeira Fernandes não acredita que "Vladimir Putin vá de alguma forma mexer nos altos comandos militares como pretendia Prigozhin" e depois se verá se "se este processo segue normalmente, sem grandes atritos internos até ao final do mês de junho como era a data prevista, ou se eventualmente haveria uma reação".
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"E fica, obviamente, em dúvida aquilo que vai fazer Prigozhin nesta altura em que notoriamente está a ser afastado de cena, ao contrário das ambições políticas que ele tinha de subir na escala de poder", refere o investigador.
José Pedro Teixeira Fernandes duvida ainda que, depois da rebelião e do discurso de Putin, algo se altere na guerra na Ucrânia.
"Não é líquido que isto altere significativamente as dinâmicas da guerra na Ucrânia, embora obviamente tenhamos de esperar para perceber se vai afetar ou não. Tudo isto é prematuro para fazer afirmações muito seguras. O Grupo Wagner já vinha a diminuir de importância. Aliás, isto está no centro, provavelmente, da rebelião de Prigozhin. Ele sentia que desde o pico da batalha de Bakhmut, onde ele terá sido lesado e depois não teve a recompensa que queria, ele já estava a ser esvaziado, e o seu grupo, de funções", antecipa o investigador.
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, falou esta segunda-feira aos russos, na sequência da primeira declaração do líder do Grupo Wagner depois da rebelião contra Moscovo. O chefe de Estado russo agradeceu aos russos pelo "patriotismo" e assegura que os militares do grupo Wagner têm duas saídas.
Segundo o líder russo, os militares que protagonizaram a rebelião vão poder juntar-se ao exército do país ou, em alternativa, poderão exilar-se na Bielorrússia.