Os chefes de Estado e de Governo concordaram receber 40 mil refugiados da Síria e da Eritreia, nos próximos dois anos, mas sem as quotas que chegaram a ser avançadas. O presidente da Comissão Europeia ficou desiludido. O Conselho Português para os Refugiados aponta falta de solidariedade.
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Os chefes de Estado e de Governo dos 28 países da União Europeia (UE) concordaram repartir entre si 40.000 refugiados da Síria e Eritreia, nos próximos dois anos, mas com base em quotas voluntárias.
Segundo disse em conferência de imprensa o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, os líderes europeus tiveram uma "longa discussão" sobre a estratégia para lidar com os migrantes que tentam chegar à Europa.
O tom subiu mesmo em alguns momentos, nomeadamente aquando da discussão da proposta da Comissão Europeia de quotas obrigatórias, segundo a qual cada país teria de acolher um número previamente definido de migrantes.
No final, Jean Claude Juncker era o rosto e a voz da desilusão. O presidente da Comissão Europeia diz que a Europa não está à altura das ambições que declara quando fala para fora.
O método de repartição dos migrantes será agora discutido e decidido em julho pelos Ministros do Interior, anunciou ainda Donald Tusk.
Além dos 40 mil refugiados da Síria e da Eritreia, que a UE irá acolher nos próximos dois anos, serão ainda reinstalados 20 mil refugiados que estão fora da Europa em situações de emergência, sobretudo no norte de África, no Corno de África e no Médio Oriente, no total de 60 mil migrantes ao abrigo dos mecanismos hoje aprovados.
Mais de 100 mil pessoas entraram clandestinamente na União Europeia desde o início do ano pelo Mediterrâneo ou pela Turquia, segundo a agência europeia Frontex.
A presidente do Conselho Português para os Refugiados, Teresa Tito de Morais, considera que esta decisão pode atrasar o acolhimento destas pessoas e, por isso, mostra-se desiludida. Para Teresa Tito de Morais falta, sobretudo, vontade política para encarar esta questão devidamente.
A agência da ONU para os refugiados aplaude a decisão tomada pelos estados membros da União Europeia de abrirem as portas para o acolhimento de milhares de imigrantes da Síria e da Eritreia.
As Nações Unidas consideram que se trata de um "passo importante", apesar de ainda haver muito por fazer nesta área. O organismo espera agora que as medidas se concretizem.