Documentos de investigadores da polícia, citados pelo The Guardian, implicam o exército nos confrontos que atingiram o país na semana passada após subida do preço do petróleo, imposta pelo Governo do país.
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Tudo indica que o exército do Zimbabué terá sido o responsável por aquela que é já considerada a pior onda de violência no país, na última década. É o que indicam os mais de 12 relatórios que chegaram ao jornal The Guardian, através investigadores da polícia.
Pelo menos 12 pessoas morreram, na semana passada, quando as forças de segurança abriram fogo sobre civis, depois da forte subida nos preços do petróleo imposta pelo Governo este mês. Durante esta vaga de violência, uma jovem de 15 anos terá sido violada.
Os investigadores afirmam agora que os ataques foram cometidos por homens usando "uniformes" ou "camuflagem" do exército - o que evita que a polícia faça acusações diretas contra os poderosos militares.
O Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, está a enfrentar oposição dentro do seu partido, o Zanu-PF, com alguns membros a orquestrarem manifestações contra o chefe de Estado, de acordo com fontes citadas pela Bloomberg.
Segundo esse artigo, vários membros do partido e militares estão descontentes com as reformas promovidas por Mnangagwa e serão responsáveis por alguns dos conflitos registados nos últimos dias.
O objetivo é "manter o controlo apertado" dos tempos do anterior Presidente, Robert Mugabe, e beneficiar da venda ilegal de diamantes, acesso a dólares e controlo sobre as importações petrolíferas.
"O programa de reformas está a ter alguma resistência por parte de elementos conservadores dentro do Zanu-PF e do Estado", referiu Piers Pigou, membro da consultora International Crisis Group para África.
"Eles dizem que é uma agenda liberal que não vai fornecer uma solução global para os zimbabueanos", acrescentou o analista.
Na opinião de Piers Pigou, "isto é um resultado da divisão".
"É uma rotina de polícia bom, polícia mau", comentou, referindo que "apesar de haver elementos conservadores, é o seu Governo; ele escolheu o executivo".
Na semana passada, o Presidente do Zimbabué afirmou que não iria tolerar abusos pelas forças de segurança, mas várias Organizações Não-Governamentais (ONG) registaram agressões por parte de polícia e Exército nos últimos dias.
A repressão sentida no país tem sabotado a ideia de Mnangagwa, que prometia "um novo Zimbabué", com recuperação económica e tolerância pela oposição.
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