O exército tailandês declarou hoje lei marcial no país, com a ressalva de não se tratar de um golpe de Estado, depois de meses de protestos contra o governo, que causaram 28 mortos e centenas de feridos.
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O anúncio foi feito no canal televisivo controlado pelos militares e invocou o objetivo de «restaurar a paz e a ordem para pessoas de todas as partes». O comandante do exército tailandês declarou ainda a censura dos meios de comunicação social, no interesse da «segurança nacional».
O exército «proíbe todos os meios de comunicação de divulgarem ou distribuírem quaisquer informações ou fotografias prejudiciais à segurança nacional», disse o general Prayut Chan-O-Cha na declaração.
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Entretanto, o governo de Banguecoque comunicou que, apesar de não ter sido consultado antes do anúncio do exército, ainda se mantinha em funções. O conselheiro de segurança do primeiro-ministro Niwattumrong Boonsongpaisan afirmou que «o governo interino continua a existir, tudo está normal, exceto que o exército é responsável por todos os assuntos de segurança nacional».
Na semana passada, a Comissão Eleitoral da Tailândia pediu o adiamento das eleições legislativas, previstas para 20 de julho, por causa dos violentos protestos que continuam a assolar o país.
«As eleições de 20 de julho não são mais possíveis. Têm de ser adiadas», disse o secretário-geral da comissão, Puchong Nutrawong, pouco depois de um grupo de manifestantes ter entrado à força no edifício onde se reuniam a comissão eleitoral e o governo, com vista à organização do escrutínio.
Dias antes, a cimeira informal da Associação dos Países do Sudeste Asiático (ASEAN), realizada na Birmânia, apelou a uma «resolução pacífica» da crise política na Tailândia, depois de uma decisão judicial ter afastado a primeira-ministra Yingluck Shinawatra e de nove ministros, ao considerar que a ex-líder do governo abusou da sua posição na nomeação de um alto funcionário.
Os manifestantes exigem que, antes da realização de novas eleições, seja colocada em marcha uma reforma do sistema político, que entendem ser corrupto e estar ao serviço dos interesses do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, irmão mais velho de Yingluck, que foi condenado, em 2008, a uma pena de dois anos de cadeia por corrupção, e que vive no exílio.
Entretanto, os chamados "camisas vermelhas", que reúnem os partidários do Governo e a organização civil Frente Unida para a Democracia e contra a Ditadura, ameaçaram iniciar uma guerra civil se lhes forem retirados os seus direitos democráticos.
A Tailândia vive uma grave crise desde o golpe militar que, em 2006, derrubou Thaksin.