"Feliz, mas cautelosa", embaixadora da Palestina em Portugal diz que é preciso fazer "renascer" Gaza
Em declarações à TSF, Rawan Sulaiman alerta para a urgência de um "esforço coletivo da comunidade internacional" para impedir que o primeiro-ministro israelita "reclame ou invente desculpas para não fazer avançar as fases dois ou três" do acordo
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A embaixadora da Palestina em Portugal, Rawan Sulaiman, assume-se "feliz, mas cautelosa" em relação ao acordo alcançado entre Israel e Hamas para a libertação total dos reféns em Gaza e a retirada das forças israelita para uma zona demarcada.
"A única coisa em que penso agora é no meu povo em Gaza", adianta à TSF a representante palestiniana, que sublinha as mais de 67 mil pessoas assassinadas, desde os "jornalistas, equipas das Nações Unidas às crianças".
Rawan Sulaiman não consegue esquecer a devastação de hospitais e de escolas no território. "A beleza de Gaza foi totalmente destruída devido a estes dois anos de genocídio", insiste.
Naquele que considera ser um "anúncio atrasado", a representante da Palestina em Portugal diz que o acordo agora assinado “era necessário para parar esta loucura e contribuir para trazer novamente a vida a Gaza”.
Questionada se cabe também ao Hamas cumprir com o acordado, Rawan Sulaiman afirma que "essa é uma responsabilidade que todos têm de partilhar".
“Obviamente o papel do Presidente dos Estados Unidos foi crucial, porque é o único que pode fazer pressão sobre Netanyahu, os seus ministros e o Governo para parar os crimes deles na Palestina”, explica.
Alerta, contudo, para a urgência de um "esforço coletivo da comunidade internacional para fazer renascer Gaza" e para impedir que o primeiro-ministro israelita "reclame ou invente desculpas para não fazer avançar as fases dois ou três" do acordo.
Essa, reforça, é uma "responsabilidade" que recai sobre todos. E aponta igualmente para a importância do acordo para permitir a entrada dos camiões com ajuda humanitária, que têm "tentado entrar no território", desde que Israel impôs um cerco total à Faixa de Gaza, em março deste ano.
Esta fome podia ter sido evitada se a ONU e os trabalhadores humanitários pudessem ter tido acesso a Gaza. Sim, precisamos de assistência humanitária, de assistência médica, e o mais urgente é o cessar-fogo
Rawan Sulaiman considera, contudo, que "é uma ilusão pensar que a solução [para aquele território] é militar". "É definitivamente política”, entende.
"Para haver uma paz e uma solução política, precisamos de acabar com a injustiça e com a ocupação", ressalva, completando que os projetos ilegais israelitas de expandir os colonatos "têm de acabar" para que a mensagem de paz seja "enviada".
"Acredito na força e na resiliência do meu povo. Este será um tempo difícil e de más memórias, mas que... oxalá, como dizem os portugueses, iremos ultrapassar", acentua.