"Fim da única política verdadeiramente europeia." Agricultores manifestam-se em Bruxelas contra alterações à PAC

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Em declarações à TSF, Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores Portugueses, refere que a nova proposta da Comissão Europeia vai "prejudicar países com menos capacidade financeira, como Portugal, face a outros que irão pôr mais dinheiro do Orçamento de Estado"
Os agricultores de toda a Europa manifestam-se, esta quinta-feira, em Bruxelas, na sequência das alterações à Política Agrícola Comum (PAC). Em declarações à TSF, Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores Portugueses, fala na "destruição da arquitetura da Política Agrícola Comum" e afirma que a pouca capacidade financeira de Portugal vai prejudicar a concorrência da agricultura.
A Comissão Europeia apresentou uma nova proposta com alterações ao financiamento da agricultura nos Estados-membros, que junta os fundos para a agricultura com o orçamento de outras políticas, como da imigração. A proposta dá possibilidade aos Estados-membros para definir o orçamento para a agricultura.
"A Política Agrícola Comum tem dois pilares e há a destruição do segundo e a fusão do orçamento com a política de coesão, com o Fundo Social Europeu, com a política de imigração e com outras políticas. Se esta proposta for aprovada, vai ser possível a cada Estado-membro definir internamente o orçamento para cada uma destas ações. É o fim da única política verdadeiramente europeia e isso prejudica países com menos capacidade financeira, como Portugal, face a outros que irão pôr mais dinheiro do Orçamento de Estado. Vai fazer uma distorção da concorrência entre os agricultores", explica à TSF Luís Mira, referindo que a burocracia excessiva também motiva o protesto.
Os agricultores exigem, por isso, "uma simplificação maior da Política Agrícola Comum".
Luís Mira afirma ainda que os agricultores se sentem enganados pela presidente da Comissão Europeia. O secretário-geral da CAP recorda que Ursula Von der Leyen, em 2024, defendeu as manifestações dos agricultores. Já este ano, a presidente apresentou um plano contra aquilo que defendia.
"Antes da eleição, a presidente da Comissão disse que os agricultores tinham razão em face aos protestos que se fizeram o ano passado, apresentou um documento que dava novas linhas estratégicas para a agricultura e, passado uns meses, apresenta esta proposta, destruindo completamente a PAC e reduzindo o seu orçamento de uma forma drástica", sublinha.
A proposta vai ser votada no Parlamento Europeu e no Conselho Europeu. O secretário-geral da CAP deixa o apelo aos eurodeputados e ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, para votarem contra.
São esperados dez mil agricultores europeus na capital belga.
