Secretário-geral Jens Stoltenberg salienta que a Finlândia é "o único" país da UE que não desinvestiu em Defesa.
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A Aliança Atlântica contará, a partir desta terça-feira, com o 31.º Estado aliado após a conclusão das formalidades para a adesão da Finlândia. O secretário-geral da NATO afirma que esta é "uma semana histórica".
Os últimos dias têm sido de preparativos para a cerimónia que terá lugar esta terça-feira. Em frente ao imponente edifício envidraçado onde funciona o Quartel-General da Aliança Atlântica foi instalado um palanque para a cerimónia, que servirá também para assinalar a passagem dos 74 anos desde a assinatura do Tratado do Atlântico Norte, a 4 de abril de 1949.
Junto ao mesmo espaço foram realizadas obras de adaptação que quase passam despercebidas. Mas, desde sexta-feira, já é possível observar um mastro pronto para hastear as cores da Finlândia entre as bandeiras dos 30 aliados que circundam a oxidada estrela de aço, a "rosa dos ventos" que, de acordo com o seu arquiteto, o belga Raymond Huyberechts, pretendia simbolizar o velho e o novo continente.
"Esta é uma semana histórica, vamos erguer a bandeira finlandesa pela primeira vez aqui, na sede da NATO", assinalou Stoltenberg, congratulando-se por, em menos de um ano, ser possível "acolher a Finlândia como o 31.º membro da NATO, tornando a Finlândia mais segura e a nossa aliança mais forte".
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Mas o secretário-geral da NATO diz-se convencido que este será "um bom caminho para a segurança, não apenas da Finlândia", mas também "para a segurança nórdica e para a NATO como um todo".
Para sustentar a afirmação, o secretário-geral da NATO lembra que a Finlândia é "o único" país da União Europeia que "nunca reduziu o investimento em Defesa". É por essa razão que considera NATO será uma aliança "mais forte" com o novo membro.
"A Finlândia trará para a aliança forças militares substanciais, bem treinadas, bem equipadas, com grande exército de reserva e também está agora a investir em novas aeronaves modernas avançadas de quinta geração F35, [são] mais de 60", afirmou.
"Isto também é bom para a Suécia", afirmou Stoltenberg, acreditando que a entrada da Finlândia "torna a Suécia ainda mais integrada na NATO e ainda mais segura, sendo a Finlândia um vizinho próximo também como membro [da NATO]".
A cerimónia desta terça-feira acaba por frustrar a expectativa de que os dois países - que há menos de um ano, a 18 de maio de 2022, formalizaram as suas candidaturas -, pudessem aderir em simultâneo.
Porém, as divergências com Ancara, relativamente à extradição de membros curdos suspeitos de terrorismo na Turquia que se encontram exilados na Suécia, têm colocado entraves à conclusão das formalidades, que já tinham obtido aval político de todos os membros na cimeira de Madrid, no verão de 2022.
Fonte próxima das conversações, ouvida em Bruxelas pela TSF, reconhece que o processo apresenta atritos "difíceis de resolver", lembrando o papel "importante" do YPG, membros armados próximo do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), na luta contra o Estado Islâmico (DAESH) na Síria.
O PKK é um partido ilegalizado na Turquia e considerado organização terrorista, incluindo pela União Europeia, por ataques realizados em solo turco. Por outro lado, "o YPG ajudou a combater o DAESH, a organização que levou a cabo ataques terroristas em solo europeu", destacou a mesma fonte, admitindo que o dossiê é difícil de gerir, embora acredite que "será resolvido".
O secretário-geral da NATO admite que "as preocupações de Ancara" em matéria de segurança "são legítimas", mas espera que o diferendo seja ultrapassado o mais rapidamente possível, para a entrada de um novo membro na aliança, admitindo que tal possa vir a acontecer antes da cimeira de Vilnius, marcada para julho.