O ministro da Defesa francês admitiu hoje que a coligação na Líbia está prestes a ultrapassar o mandato da ONU, depois de Obama, Cameron e Sarkozy terem prometido continuar os bombardeamentos até que Kadhafi abandone o poder.
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À pergunta «Não se está prestes a ultrapassar a resolução da ONU?», o ministro da Defesa francês, Gérard Longuet, respondeu: «A resolução 1973 certamente, ela não fazia referência ao futuro de [Muammar] Kadhafi».
O ministro falava a propósito de uma carta do Presidente norte-americano, Barack Obama, do presidente francês, Nicolas Sarkozy, e do primeiro-ministro britânico, David Cameron, publicada hoje nos jornais Washington Post, Le Figaro e The Times e em que os três afirmam ser «impossível imaginar que a Líbia tem um futuro com Kadhafi».
«Penso que três grandes países dizerem a mesma coisa é importante para as Nações Unidas e talvez um dia o Conselho de Segurança tome uma resolução», acrescentou o ministro francês à rádio LCI.
Países como a Rússia, a China ou o Brasil «vão naturalmente ranger os dentes, mas qual é o grande país que pode admitir que um chefe de Estado resolva os seus problemas disparando sobre a sua população? Nenhum pode», considerou o ministro.
«Espero que a par da acção militar, haja abertura política e que os líbios possam encontrar-se para imaginar um futuro sem Kadhafi», disse.
A resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU autoriza o recurso à força para proteger as populações civis da Líbia.
Na carta conjunta que hoje publicaram, Obama, Sarkozy e Cameron afirmam que «é impensável que alguém que tentou massacrar o próprio povo possa ter um papel num futuro governo».
«Enquanto Kadhafi estiver no poder, a NATO e os parceiros de coligação têm de prosseguir as operações para que os civis continuem a ser protegidos e a pressão sobre o regime aumente», acrescentam.