O Governo espanhol lamenta, mas faz questão de deixar claro que a ETA tal como a conhecíamos não vai regressar, salientando que a organização separatista foi derrotada pelo Estado de direito.
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É uma mensagem de força dos ministros espanhóis do interior e da justiça, após o Tribunal dos Direitos do Homem ter obrigado Madrid a libertar o mais rapidamente possível Ines Del Rio Prada, uma etarra, presa desde 87, condenada pelo assassinato de 23 pessoas ao serviço do comando de Madrid.
A decisão pode abrir portas à libertação de outros etarras e de outros criminosos.
Numa conferência de imprensa os dois ministros, da Justiça e do Interior, lamentaram a sentença, sublinhando que não vão permitir que pessoas que nunca se mostraram arrependidas pelos crimes horríveis nem pediram desculpa as vítimas sejam recebidas como se fossem heróis.
O Governo diz que a sentença para já só diz respeito a esta etarra e que vão ser os tribunais a dar agora andamento ao caso.
O governo quis deixar claro que não tem qualquer palavra a dizer sobre a forma como vai ser aplicada a decisão do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos
O ministro do interior explicou que este é um assunto judicial e por isso cabe aos tribunais decidir.
Em conferência de imprensa ao lado do ministro da justiça Jorge Diaz explicou que há decisões do Tribunal Constitucional espanhol e do Supremo que diz que as sentenças do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem têm de ser cumpridas.
Apesar disso Jorge Diaz diz que Madrid não concorda com a decisão e defendeu a doutrina Parot.
Já o ministro da Justiça criticou duramente a sentença do Tribunal de Estraburgo defendendo que não se pode ter a mesma atitude com quem matou uma ou 20 pessoas.
Alberto Gallardon garantiu que a reforma do código penal já está em marcha.
Sobre a sentença o ministro da Justiça defendeu que se aplica apenas a Inês del Rio, todos os outros terão de ser analisados caso a caso.
Quanto ao pagamento de 30 mil euros de indemnização à condenada da ETA, Gallardon explicou que o Estado vai fazer um acerto de contas já que ela não pagou o que devia às famílias das vítimas.
Os dois ministros fizeram ainda questão de garantir que apesar desta decisão de Estrasburgo a ETA foi derrotada e não vai regressar.
Por outro lado, as vítimas do terrorismo em Espanha dizem que este é um dia infeliz, em que se sentem abandonadas pelo Estado de direito. A presidente da Associação das Vítimas do Terrorismo, Angeles Pedraza, realça que a dor tem um limite, adiantando que eles nunca quiseram fazer justiça pelas próprias maos, mas há limites que acabam de ser ultrapassados.