O uso da abaya vai ser proibido a partir do início do ano letivo.
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Em nome do espírito laico, o Governo vai proibir formalmente o uso da abaya na escola. O ministro da Educação Nacional, Gabriel Attal, anunciou que o uso da abaya, um vestido tradicional usado por alguns estudantes muçulmanos, vai ser proibido nas escolas públicas em França.
O uso da abaya, uma túnica usada por mulheres muçulmanas, vai ser proibido a partir do início do ano letivo, na próxima segunda-feira nas escolas francesas, anunciou o ministro da Educação francês, Gabriel Attal.
"A escola da República foi construída em torno de valores extremamente fortes, como a laicidade. O espírito laico não é uma restrição, é uma liberdade. Uma liberdade de formar opinião e de se emancipar através da escola. Você entra em uma sala de aula, não deveria conseguir identificar a religião dos alunos olhando para eles. Não poderemos mais usar abaya na escola. Vou reunir esta semana com os diretores das escolas e dar-lhes todas as chaves para que possam aplicar esta regra que me parece necessária e que é justa", declarou.
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Esta túnica usada por mulheres muçulmanas passa a ser proibida mas em que condições. Os diretores dos estabelecimentos escolares exigem linhas diretrizes. "Pedem-nos para perceber qual a intenção em usar esta roupa. Por exemplo, se um aluno não a usa todos os dias, não podemos assumir que se trata de uma túnica com conotação religiosa", declarou a diretora de um estabelecimento público da região parisiense.
A abaya vai ou não ser proibida consoante a conotação religiosa? Não é certo aponta o Conselho Francês para o Culto Muçulmano, já tinha sido objeto de uma circular do Ministério da Educação no ano passado. "Para mim a abaya não é uma vestimenta religiosa. A abaya é uma moda, o ministro poderia ter consultado responsáveis religiosos para saber se se trata de uma questão religiosa ou não", descreve o membro do culto muçulmano em França.
Os ataques ao espírito laico aumentaram desde o assassínio do professor Samuel Paty, um aumento na ordem de 120% entre o ano letivo 2022/2023 e 2021/2022. Segundo o ministro da Educação, a decisão segue a política governamental de separação entre religião e Estado. Em 2010 a França aprovou a proibição do uso em público de véus que cobrem o rosto por inteiro. Seis anos antes, em 2004, o governo baniu o uso de qualquer símbolo religioso, como o hijab e a quipá.