Martin Xuereb, da ONG MOAS, acredita que a divulgação da polémica imagem está a acordar consciências. "Esperamos que, juntos, agora, consigamos parar com a globalização da indiferença".
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Martin é diretor de operações da MOAS, uma ONG de salva-vidas, que atua em pleno Oceano. A fotografia da criança síria na costa da Turquia, garante, já teve consequências. "O sofrimento das pessoas que estão a atravessar o Mediterrâneo agora tem um rosto. Não é apenas uma estatística, não dizemos apenas que 25 mil pessoas morreram. Agora a tragédia tem um rosto, o rosto de uma criança de 3 anos, morta, deitada na areia", diz.
Desde que a imagem de Aylan foi divulgada, os donativos dispararam. "Não são apenas as pessoas que se sentem culpadas que estão a fazer donativos, são as pessoas que se sentem zangadas por a sociedade ter chegado a este ponto em que crianças perdem a vida", sublinha o diretor de operações da MOAS, acrescentando que os donativos têm chegado não apenas da Europa central, mas "dos quatro cantos do mundo".
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Martin diz que viu os números de manhã. Tinham 330 mil euros. Foi a última atualização que fez. Nas últimas horas tem estado no barco. "Enquanto falamos, o nosso barco, o Phoenix, dirige-se para Reggio Calabria, em Itália, onde vamos prestar assistência a 425 pessoas que salvámos anteontem".
Só nos últimos quatro meses, desde maio, diz Martin Xuereb, a MOAS já assistiu 8 mil pessoas. "Todos eles vêm em barcos que deixaram o norte de África. Todos os que viajam nesses barcos minúsculos sentem que não têm outra solução. São maioritariamente pessoas que vêm da Síria e da Eritreia e que sentem que não têm futuro e que a sua existência está em perigo".
Martin espera que, cada vez mais, não sejam apenas as ONG's, mas todos os líderes mundiais a sentirem-se impelidos a agir.