Apurados quase todos os votos, não é possível apurar qual será o próximo Governo de Itália. A coligação de centro-esquerda foi a mais votada, mas a direita tem a maioria no senado.
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O diário italiano La Republica afirma que o país ficou ingovernável depois das eleições legislativas de domingo e segunda-feira.
Como era previsto, a coligação de centro-esquerda de Pier Luigio Bersani ganhou a câmara baixa, ainda que por uma diferença mínima. Apesar disso, o chamado prémio da maioria garante-lhe 55 por cento dos 630 lugares.
De acordo com os últimos dados oficiais, a coligação de esquerda ganhou a Câmara dos Deputados com 29,55% dos votos, contra 29,18% para a coligação de centro-direita, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, mas a lei eleitoral permite que a formação de Barsani ganhe 340 dos 630 assentos na câmara baixa, mesmo com esta pequena diferença.
Já no senado, e mesmo que Bersani tenha sido também o mais votado, o complexo sistema eleitoral italiano, que garante bonificações para os venmcedores em cada uma das vinte regiões, terá garantido (os resultados ainda não são definitivos) uma vitória da coligação de direita liderada por Silvio Berlusconi.
As eleições confirmaram Bepe Grilo como a grande suspresa destas eleições. O partido do comediante conseguiu 25% dos votos e poderia passar por ele a solução de um novo Governo.
No entanto, Grilo assentou a sua campanha nas críticas aos partidos tradicionais e de resto já garantiu que não se coligará nem com Barsani nem com Berlusconi, tendo acrescentado que ambos estão acabados.
O grande derrotado, as opiniões são unânimes, foi Mário Monti. O primeiro-ministro cessante, líder de um Governo tecnocrático que durou 15 meses, muitas vezes elogiado pelo parceiros europeus, não conseguiu mais do que dez por cento dos votos.
Agora a decisão está nas mãos do Presidente da República. Giorgio Napolitano poderá convidar Bersani a formar Governo mesmo que as possibilidades de êxito sejam muito escassas, convocar novas eleições ou uma optar por uma solução nunca experimentada mas prevista na Constituição: convocar eleições apenas para o senado.
Sobre a possibilidade de serem convocadas novas eleições, Francesco Franco, professor de economia na Universidade Nova de Lisboa, em declarações à TSF, defende que esse é um cenário remoto por causa de constrangimentos legislativos.
Sobre as implicações deste impasse na economia italiana, Francesco Franco admite que os mercados poderão penalizar o país mas não acredita que a Itália caia num precipício económico.