"Impossível que Feijóo seja primeiro-ministro." PSOE refém de exigências do Junts para governar
O diretor do jornal La Vanguardia antevê, em declarações à TSF, que o cenário mais provável é os espanhóis voltarem às urnas ainda este ano.
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O Partido Popular (PP) foi o mais votado nas eleições espanholas de domingo, mas o caminho para formar governo parece ser ainda mais espinhoso do que o do PSOE que está refém das exigências dos independentistas catalães do Junts.
Esta é, pelo menos, a leitura do diretor do jornal La Vanguardia, Juan Jordi, que, desde a Catalunha, antevê que o cenário mais provável é que haja novas eleições ainda este ano. Já um possível acordo entre Alberto Núñez Feijóo e Pedro Sánchez é para descartar.
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"É completamente inviável, porque as posições dos dois partidos estão muito afastadas. Portanto, a única solução é cada bloco contar com os seus sócios habituais. O PP não acrescenta mais, pelo que é praticamente impossível que Feijóo seja primeiro-ministro", afirma à TSF Jordi Juan
Para o diretor do La Vanguardia, a única hipótese de haver um governo saído destas eleições é com Pedro Sánchez a negociar com partidos independentistas, incluindo o Junts, da Catalunha.
"Junts é um partido que vai pôr um preço muito alto. Tudo depende de Pedro Sánchez estar disposto a pagar esse preço. Se não estiver disposto, vamos outra vez a eleições", refere.
Há duas reivindicações que saltam à vista para os catalães: um referendo de autodeterminação na região e a amnistia do ex-líder catalão Carles Puigdemont. "Se há alguém capaz de fazer esse acordo é Pedro Sánches. Das duas opções que há, a amnistia não me parece descartável", afirma Jordi Juan.
Na última legislatura, Pedro Sánchez indultou os líderes independentistas e fez uma reforma penal, o que levou a uma melhoria das relações entre Barcelona e Madrid: "Para a sociedade catalã seria um certo relaxamento. Aqui vivemos momentos difíceis em 2017, quando uma parte da população escolheu o independentismo. Houve um referendo, as manifestações na rua, tudo isso afetou a vida social e económica do país."
Com este cenário de negociações entre independentistas e PSOE, o grande derrotado pode ser Alberto Núñez Feijóo.
"A ex-presidente da Comunidade de Madrid hoje já veio criticar. Não tenho dúvidas que vá sofrer com uma campanha por parte da comunicação social de Madrid", afirma o diretor do La Vanguardia.
A votação do PP ficou aquém das sondagens e Jordi Juan aponta o dedo à estratégia de Feijóo: "Deu uma certa imagem de cobardia não ir ao debate, mas parece-me que houve um certo empolamento dos acordos com o Vox. Gente com posições muito radicais contra as mulheres, os migrantes. Penso que por isso muita gente votou nos socialistas. Não tanto porque gostassem de Pedro Sánchez, mas para evitar que o Vox cehgasse ao poder."