"Incerteza significa fraqueza." Zelensky diz que é "absurdo" não haver data para adesão da Ucrânia à NATO
"Parece não haver disponibilidade nem para convidar a Ucrânia a entrar na NATO nem para a tornar membro da Aliança", considera o chefe de Estado ucraniano.
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O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou esta terça-feira a caminho da cimeira da NATO, em Vílnius, ser absurdo que a Aliança Atlântica não dê uma data de convite para a adesão da Ucrânia.
Zelensky afirmou ter indícios de que haverá uma declaração sem referência direta à adesão quando a guerra terminar.
"A fórmula refere-se apenas ao convite e não à adesão da Ucrânia", disse Zelensky sobre o conteúdo da declaração que os aliados estão a negociar. O Presidente ucraniano considerou "absurdo e sem precedentes" o facto de a declaração em discussão não incluir uma data para convidar a Ucrânia a aderir à Aliança.
O chefe de Estado ucraniano queixou-se ainda que a declaração que está a ser preparada pelos líderes da NATO alude a condições para a Ucrânia, não para ser aceite na aliança, mas para ser convidada a aderir.
"Parece não haver disponibilidade nem para convidar a Ucrânia a entrar na NATO nem para a tornar membro da Aliança", afirmou.
"Isto significa que está a ser deixada em aberto nas negociações com a Rússia uma janela de oportunidade para negociar a adesão da Ucrânia à NATO. E para a Rússia, isto significa um motivo para mais terror", acrescentou Zelensky numa mensagem nas redes sociais.
We value our allies. We value our shared security. And we always appreciate an open conversation.
- Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) July 11, 2023
Ukraine will be represented at the NATO summit in Vilnius. Because it is about respect.
But Ukraine also deserves respect. Now, on the way to Vilnius, we received signals that...
Zelensky queixou-se ainda de que a fórmula da possível declaração da NATO está a ser negociada "sem a Ucrânia", afirmando que o seu país "merece respeito".
"Incerteza significa fraqueza e falarei abertamente sobre isso nesta cimeira", concluiu Zelensky, prenunciando uma reunião tensa na capital lituana sobre a questão.
A cimeira da NATO, que começou esta terça-feira na Lituânia, está centrada no apoio à Ucrânia contra a invasão russa e na adesão da Suécia à Aliança Atlântica, bem como no reforço dos meios militares dos aliados contra futuras ameaças.
O reforço das capacidades de dissuasão e defesa da Aliança é um dos principais temas da cimeira, que junta os 31 atuais membros para analisar uma revisão do modelo de organização militar e novos planos regionais - um plano cuja relevância foi fortalecida pela invasão russa da Ucrânia iniciada em fevereiro do ano passado.
A cimeira servirá para discutir ainda o reforço do investimento dos aliados, para dar resposta a este plano, bem como para suprir as necessidades da Ucrânia no seu esforço de guerra.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, tem insistido na ideia de que os aliados se devem comprometer com os 2% do Produto Interno Bruto em Defesa como mínimo e não como "um teto", tendo já apelado aos 31 membros que tenham "coragem política" para aumentar os gastos em defesa e incrementar a produção de armas para continuar a apoiar a Ucrânia.
A adesão da Ucrânia à NATO também deverá entrar na discussão do alargamento da Aliança, depois de o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter aumentado a pressão junto dos aliados para que façam uma declaração inequívoca de aceitação da entrada do seu país, logo que as tropas russas saiam do território.