Israel diz que aceitar acordo para libertação de reféns foi "uma decisão difícil, mas é a correta"
O acordo provisório incluirá uma trégua de cinco dias, composta por um cessar-fogo total no terreno e o fim das operações aéreas israelitas sobre Gaza, exceto no norte.
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O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou esta terça-feira que aceitar um acordo para a libertação dos reféns capturados nos ataques do Hamas de 7 de outubro foi "uma decisão difícil, mas é uma decisão correta".
O Presidente dos EUA, Joe Biden, ajudou a "melhorar o quadro que foi apresentado para incluir mais reféns a um preço mais baixo", disse Netanyahu ao seu gabinete quando este se reuniu para votar o acordo: "Todo o sistema de segurança apoia-o totalmente."
As famílias dos reféns exigiram que Israel insistisse no regresso de todos os detidos e o partido que faz parte da coligação governamental de Netanyahu manifestou a sua oposição ao acordo, denunciando-o como "mau" para a segurança de Israel, para os reféns e para os soldados.
O acordo ainda vai ser votado pelos 38 membros do Governo de coligação, sendo que anteriormente esteve reunido o gabinete de Crise, que manifestou total apoio.
Fontes do Hamas e da Jihad Islâmica, que também participaram nos atentados, disseram à AFP, sob condição de anonimato, que o acordo provisório incluiria uma trégua de cinco dias, composta por um cessar-fogo total no terreno e o fim das operações aéreas israelitas sobre Gaza, exceto no norte, onde só parariam durante seis horas por dia.
O primeiro-ministro de Israel adianta ainda que o acordo para a libertação dos reféns inclui o acesso da Cruz Vermelha aos civis sequestrados e mantidos em cativeiro em Gaza.
Nos termos do acordo, que, segundo as fontes, poderá ainda sofrer alterações, entre 50 e 100 civis israelitas e com dupla nacionalidade serão libertados em troca de cerca de 300 mulheres e crianças palestinianas atualmente detidas nas prisões israelitas, bem como a entrada de combustível e outros bens na Faixa de Gaza.
De acordo com os detalhes que vão sendo avançados, a libertação de presos palestinianos exclui os condenados por homicídio.
"Isto permitirá às FDI prepararem-se para a continuação da luta - a guerra está em curso e continuará até atingirmos todos os nossos objetivos: destruir o Hamas e trazer de volta todos os reféns", disse Netanyahu.
A libertação de reféns, que pode começar já na quinta-feira, vai ser faseada, com 12 reféns israelitas libertados por dia, em troca de 30 palestinianos.
Espera-se que o Executivo israelita vote um plano que suspenda a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza durante vários dias em troca da libertação de reféns detidos pelo Hamas.
O Hamas previu que um acordo mediado pelo Qatar poderia ser alcançado "nas próximas horas".
Netanyahu considerou que, durante a pausa, os esforços do serviço de informações serão mantidos, permitindo ao exército preparar-se para as próximas etapas do conflito
A 7 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) - desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel - realizaram em território israelita um ataque de dimensões sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1200 mortos, na maioria civis, cerca de cinco mil feridos e mais de 200 reféns.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que cercou a cidade de Gaza.
A guerra entre Israel e o Hamas, que esta terça-feira entrou no 46.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 14 mil mortos, na maioria civis, e mais de 33 mil feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, e 1,7 milhões de deslocados, segundo a ONU.
Notícia atualizada às 22h33.