Em declarações à TSF, o investigador José Pedro Teixeira Fernandes considera que o sofrimento de civis em Gaza faz certamente parte do "cálculo político do Hamas".
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A existência de reféns é um dos fatores a contribuir para o impasse no conflito entre Israel e o Hamas, considera José Pedro Teixeira Fernandes, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI).
Em declarações no Fórum TSF esta segunda-feira, José Pedro Teixeira Fernandes explica que os reféns do Hamas "estão, ao que tudo indica, dispersos pelo território de Gaza, e será muito difícil conseguir a sua libertação com vida".
"As próprias ações de Israel para tentar fazer essa libertação poderão matar, eventualmente, os membros do Hamas que os guardam, mas também matar os próprios reféns", por isso os israelitas têm de agir cautelosamente. Já "na lógica do Hamas, isto é, obviamente uma das moedas de troca mais valiosas que tem para poder parar ofensiva".
Para o investigador, o impacto que uma operação militar desta envergadura em Gaza tem na população palestiniana e o sofrimento de civis faz certamente parte do "cálculo político do Hamas".
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O grupo terrorista antecipou que "a reação de Israel iria ser uma enorme força militar usada contra Gaza e certamente que representou que isso provocaria enormes danos, fugas em massa, mortos na população civil e certamente este foi representado como resultado desejado para os fins políticos do Hamas".
"Israel só tem opções más nesta altura", diz José Pedro Teixeira Fernandes. "O conflito vai ser um imenso drama humano, como já estamos a ver."
José Pedro Teixeira Fernandes lembra que o Médio Oriente não tem paz há vários anos e que não é possível olhar para o conflito israelo-palestiniano sem considerar a posição do Irão.
"Há uma guerra surda, uma guerra nas sombras, que já está a ser travada há muito tempo entre o Israel e o Irão", com assassinatos, "rebentamentos em bombardeamentos que às vezes ninguém assume abertamente a responsabilidade (...) É inevitável considerar que o que estamos a ver nesta altura na Palestina não pode ser desligado desta dinâmica da região", nota.
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A aproximação política entre Israel e a Arábia Saudita, patrocinada pelos Estados Unidos, tem sido apontada por muitos como um dos alvos do ataque violento do Hamas.
Em setembro passado, o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, relatou progressos nas discussões sobre uma possível normalização com Israelm mas uma fonte próxima do Governo saudita disse no sábado que as discussões foram suspensas devido ao conflito com o Hamas.
Este processo de normalização das relações com a Arábia Saudita "interessa completamente ao Hamas na sua lógica de defesa da causa palestiniana", nota José Pedro Teixeira Fernandes.