João Soares diz que "paz é possível" se o Estado de Israel for reconhecido pelos "vizinhos"
No programa Não Alinhados, da TSF, João Soares afirma que "as guerras têm sido sempre feitas contra Israel" e considera que os ganhos territoriais israelitas foram obtidos "por razões estritas de defesa".
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O antigo presidente da Câmara Municipal de Lisboa João Soares defendeu esta segunda-feira que "no dia em que os países vizinhos de Israel aceitarem que o Estado de Israel exista, a paz é possível".
"Os árabes, e muito em particular os palestinianos - mas não só -, não querem a existência do Estado de Israel. O Irão nega a possibilidade da existência do Estado de Israel, há uma série de outros países à volta, nomeadamente a Síria, onde o Hamas também teve uma posição muito importante, e o Líbano, onde o Hezbollah tem uma posição muito importante, que não querem que o Estado de Israel exista", afirmou o ex-autarca, no seu espaço no programa da TSF Não Alinhados.
Para João Soares, "as guerras têm sido sempre feitas contra Israel" e esse é o grande "problema de fundo". Insistindo nesta premissa, o ex-autarca acrescenta: "Há gente no Egito, da irmandade muçulmana e outros, e provavelmente na Jordânia também, que não querem que Israel exista e, portanto, as guerras têm sido sempre feitas contra Israel."
Por isso mesmo, o antigo presidente da Câmara de Lisboa considera que os israelitas têm atuado "no quadro da defesa e da contraofensiva" e defende que é assim que têm conseguido ganhar território.
"Israel tem ganhado território e tem ganhado um alargamento das suas fronteiras por razões estritas de defesa. No dia em que os países vizinhos de Israel aceitarem que o Estado de Israel exista, a paz é possível", conclui.
O grupo islâmico Hamas lançou no sábado um ataque surpresa contra o território israelita, sob o nome de operação "Tempestade al-Aqsa", com o lançamento de milhares de rockets e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.
Em resposta ao ataque surpresa, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza, numa operação que batizou como "Espadas de Ferro".
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel está "em guerra" com o Hamas.
O mais recente balanço do Ministério da Saúde palestiniano registava pelo menos 560 mortos devido aos ataques aéreos israelitas em Gaza - incluindo dezenas de menores e mulheres - o que elevava para mais de 1250 o total de mortes nos dois lados na sequência dos confrontos armados iniciados no sábado.
Em 2022, a violência dos colonos israelitas deslocou mais de 1100 palestinianos na Cisjordânia ocupada, segundo um relatório da ONU divulgado em setembro deste ano, e as autoridades descreveram um êxodo sem paralelo recente.
O relatório reportou cerca de três incidentes por dia relacionados com colonos na Cisjordânia - a maior média diária desde que as Nações Unidas começaram a documentar a tendência em 2006.
A violência esvaziou completamente cinco comunidades palestinianas, reduziu a metade a população de seis outras e a um quarto a de sete localidades.
Segundo os especialistas, esta tendência estava a transformar o mapa da Cisjordânia e a minar ainda mais as perspetivas de um Estado palestiniano independente. Os palestinianos pretendem que a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza - áreas capturadas por Israel na guerra de 1967 - componham o seu futuro Estado.
O relatório da ONU avançava que quase todas as comunidades referiram ter sido obrigadas a vender parte do seu gado e 70% tiveram de pedir dinheiro emprestado para pagar alimentação depois de as incursões dos colonos terem cortado o acesso às suas terras de pastagem.
Os palestinianos que foram deslocados referem que as autoridades israelitas, encarregadas de administrar o território, raramente respondiam aos casos de violência dos colonos. De acordo com os dados da ONU, quase todas as comunidades onde ocorreram deslocações disseram ter apresentado queixas às autoridades, mas apenas 6% relataram que as autoridades israelitas deram seguimento às queixas.