A foto adulterada fez a primeira capa do jornal e está a suscitar indignação, com muitos comentadores a considerarem a iniciativa uma falta de respeito para com o movimento.
Corpo do artigo
A chanceler alemã Angela Merkel, a presidente da câmara de Paris, Anne Hidalgo, a primeira-ministra polaca, Ewa Kopacz, e a Alta Representante da União Europeia para Política Externa e Segurança, Federica Mogherin afinal não estiveram na marcha de Paris, a julgar pela foto apresentada na primeira página do jornal judeu ultra-ortodoxo HaMevaser.
Na foto original, a chanceler alemã, por exemplo, aparece ao lado do presidente francês François Hollande. Já na versão adulterada do HaMevaser, detetada iniclamente pelo site de notícias israelita Walla.com, nem Merkel nem nenhuma mulher se encontrava na foto.
O jornal não hesitou em apagar da fotografia as governantes femininas presentes na marcha, o que suscitou de imediato criticas e acusações nas redes sociais, e de vários comentadores, de falta de respeito para com a iniciativa de união que representava a marcha de domingo.
«É bastante embaraçoso quando, numa altura em que o mundo ocidental se une em manifestações contra o extremismo religioso, sejam os nossos extremistas a tornarem-se protagonistas», escreveu a colunista Allison Kaplan Sommer no Haaretz, diário hebraico que se assume como liberal. Sommer, citada pelo New York Times, repreende mesmo o jornal ultra-ortodoxo por querer «negar que, para lá da comunidade ultra-ortodoxa judaica, as mulheres têm um papel importante no mundo».
A manipulação da foto já teve direito a, pelo menos, uma resposta. A publicação satírica irlandesa Waterford Whispers News pôs a circular uma outra versão da fotografia original em que apenas as mulheres estão representadas.