Jair Bolsonaro acusou o jornal Folha de S. Paulo de ser "fake news", o que levou o tom dos protestos contra o trabalho dos jornalistas a subir, chegando mesmo a haver ameaças.
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Pressão e contestação, de um lado e outro, sempre existiu, afirma Camila Braga, editora digital da Folha de S. Paulo, mas depois da reportagem sobre a compra de pacotes de informação contra o PT, distribuídos pelo Whatsapp, por parte de empresas que apoiam Bolsonaro, o tom subiu, e passou para outro nível.
"O que aconteceu de forma mais grave, agora, foram ameaças feitas diretamente aos jornalistas. A repórter Patrícia Campos Melo, uma das melhores e mais importantes jornalistas do Brasil, foi ameaçada, o WhatsApp dela foi invadido. Outros jornalistas da casa foram ameaçados, não é a primeira vez, mas nunca de forma tão contundente", conta a Camila Braga à TSF.
As constantes ameaças de que têm sido alvo levou o jornal brasileiro a recorrer às autoridades para que exista uma investigação, principalmente porque se entende que há "risco para a segurança do exercício do trabalho de jornalismo, o que seria uma censura à imprensa, um cerceamento à liberdade de imprensa".
O número de WhatsApp que é disponibilizado para os leitores contactarem com a redação recebeu mais de 220 mil mensagens em quatro dias, uma ação considerada pela Folha de S. Paulo como um ataque de apoiantes de Bolsonaro.
No entanto, apesar de tudo o que está a acontecer por estes dias, Camila Braga garante isso não vai alterar a forma como o jornal trabalha.
"Estamos acostumados a ser atacados por todos os lados. A Folha é chamada de petista e tucana por conta da publicação do mesmo texto, a vida inteira, e agora no momento em que os ânimos estão mais animados, a Folha é chamada a tomar partido contra um ou a favor de outro, isso não vai acontecer."
Como tal, a Folha promete continuar o trabalho que tem vindo a fazer, apesar das ameaças que de que tem sido alvo.