O futuro presidente da Comissão Europeia afirmou hoje, em Estrasburgo, que estão enganados os que pensam que só a austeridade pode levar à retoma económica, e defendeu que as regras da disciplina orçamental devem ser acompanhadas de flexibilidade.
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«Àqueles que pensam que excessiva austeridade leva automaticamente à melhoria da economia e à criação de postos de trabalho, devo dizer-lhes que devem abandonar essas ideias. O desaparecimento do défice e da dívida não leva automaticamente ao crescimento, ou a Europa estaria a crescer imenso», afirmou esta manhã Jean-Claude Juncker, na sessão plenária do Parlamento Europeu, onde apresentou perante os eurodeputados a sua equipa de 27 comissários e o respetivo programa de trabalho.
No discurso inicial, Juncker referiu-se ao debate que a Europa está a fazer sobre o cumprimento das regras orçamentais, tendo afirmado que as regras do pacto de estabilidade e crescimento «devem ser vistas com a flexibilidade necessária» para que a Europa possa avançar «sem pôr em causa o que está nos tratados».
«É preciso disciplina orçamental, flexibilidade e investimento, só aí podemos avançar», acrescentou o luxemburguês, que deve assumir as funções de presidente da Comissão Europeia (CE) a 1 de novembro.
Jean-Claude Juncker disse também que até ao Natal vai estar pronto o plano de três mil milhões de euros para promover o investimento da economia. Esta foi uma das promessas de Juncker, em julho, agora confirmada como uma das grandes prioridades do novo presidente da CE.
Juncker disse ser urgente avançar com o plano de investimento e deixou um apelo aos investidores privados para apostarem também na economia, de forma a atacar o grande problema da Europa: o desemprego, sobretudo o desemprego jovem.
Jean-Claude Juncker defendeu que a Europa deve ser mais eficaz, mas fez questão de começar o discurso por um elogio a Durão Barroso, considerando que fez um trabalho extraordinário e foi muitas vezes criticado de forma injusta.
Sobre a constutuição da sua equipa, Juncker queria marcar a diferença em relação ao anterior presidente da CE, desde logo pelo número de mulheres comissárias. No entanto, conseguiu apenas nove em 28 comissários, e fez questão de dizer que é um número ridiculo.