A TSF convidou alguns especialistas a falarem sobre as consequências da morte de Muammar Kadhafi. Os tempos são de mudança, dizem, mas alertam para a resistência dos partidários do regime do líder deposto.
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A Europa convida o Conselho Nacional de Transição (CNT) líbio a levar a cabo um amplo processo de reconciliação, que abranja todos os líbios e que permita uma transição democrática, pacífica e transparente no país.
No entanto, na análise de Carlos Gaspar, director do Instituto Português de Relações Internacionais, é possível que os apoiantes de Kadhafi ainda tentem resistir.
«Com certeza que à partida, todos querem evitar que haja uma continuação da presença da Aliança Atlântica, mas não está completamente excluído que não tenha de haver, no quadro das Nações Unidas, uma presença militar para garantir que muito rapidamente se termina a guerra civil e que não haja retaliações e contra-massacres por parte dos vencedores em relação às tropas do coronel Kadhafi», alertou.
Já António Dias Farinha, director do Instituto de Estudos Árabes e Islâmicos da Universidade de Lisboa, assinala o que diz ser «o fim período de agonia do regime».
«Desde que começou a revolta popular em Benghazi que este desfecho era previsível, sobretudo desde que teve o apoio da ONU e dos ataques que foram feitos pela coligação. Mas, o povo líbio, percebeu-se que na grande maioria, procurava mudar o regime. Portanto trata-se de uma mudança muito clara de regime, de sistema político e de grande transformação social», considerou.
António Dias Farinha referiu ainda que na morte de Kadhafi é uma chamada de atenção, «por um lado ao mundo árabe, por outro a todos os líderes políticos, no sentido de assumirem um cuidado redobrado com o que deve ser um governo para homens e sociedades saudáveis, e não com desvios tão difíceis como o que existiu na Líbia».
Na mesma linha de análise, Raul Braga Pires, especialista em assuntos islâmicos e professor na Universidade de Rabat, afirmou que «a morte do líder líbio é, sobretudo, uma mensagem 'de que a brincadeira acabou' e que este tempo já não está para ditadura».
«De facto há aqui uma mudança de paradigma que se tem vindo a verificar. As coisas estão de facto a mudar», reforçou Raul Braga Pires.