O presidente da Venezuela defendeu hoje a polémica aplicação de um sistema de controlo biométrico nas farmácias e nos supermercados, públicos e privados, para controlar compras recorrentes do mesmo produto e combater o contrabando.
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«O 'captahuellas' (leitor de impressões digitais) é um sistema libertador e será progressivo. Digo mais, é voluntário e quando o companheiro Andrés Eloy Méndez (super-intendente de Preços Justos) disse aos empresários dos supermercados privados que é voluntário, todos disseram querer», disse.
Durante um ato com militantes do Partido Socialista Unido da Venezuela o chefe de Estado explicou que o sistema "vai restabelecer a liberdade" de compra dos cidadãos porque permitirá detetar e deter os contrabandistas e acabar com o contrabando.
«Uma família média vai às compras, segundo as suas necessidades e possibilidades e isso faz um equilibro. A essa família tiram-lhe a liberdade e o direito de comprar e satisfazer as necessidades materiais familiares quando chega a um sítio e um contrabandista levou tudo», disse.
Por outro lado vincou que o Governo está «obrigado a criar um sistema que garanta a liberdade da família venezuelana no acesso aos bens» porque «com os mecanismos que existem o que estão é tirando o direito e a liberdade aos venezuelanos».
«O sistema é muito simples, funciona como no sistema eleitoral, para evitar a fraude nas eleições. As pessoas não podem votar duas vezes porque construímos esse sistema», frisou.
As autoridades venezuelanas anunciaram no passado dia 19 que vão instalar um sistema de controlo biométrico nos supermercados, públicos e privados, para controlar compras recorrentes do mesmo produto pelo mesmo cliente e combater o contrabando.
O sistema deverá estar em funcionamento até final de novembro e visa também combater a economia paralela.
O sistema biométrico consiste na atribuição de um cartão numerado com os dados do cliente, que estará associado às suas impressões digitais e à base de dados de cidadãos, do Conselho Nacional Eleitoral.
A sua instalação ocorre em momentos em que os venezuelanos se queixam de dificuldades para conseguir muitos produtos no país e está a ser questionada por alguns setores empresariais e políticos que dizem ser um «cartão de racionamento moderno, ao estilo cubano», que não contribuirá para solucionar os problemas de abastecimento.
Na Venezuela, algumas das principais redes de supermercados são propriedade de empresários portugueses radicados no país.