O presidente dos EUA lembrou o trabalho de Mandela, após uma ovação da multidão. Já Ban Ki-moon recordou Madiba como um dos grandes exemplos da História.
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O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, saudou hoje o primeiro chefe de Estado negro da África do Sul Nelson Mandela, que morreu na quinta-feira, como um «gigante da história».
«É difícil elogiar qualquer homem... e tanto mais quando se trata de um gigante da história, que levou uma nação em direção à justiça», disse, após uma enorme ovação da multidão, que sob chuva persistente, assiste às cerimónias fúnebres de Nelson Mandela no estádio Cidade do Futebol, no Soweto, em Joanesburgo.
«Não era um busto de mármore, era um homem de carne e osso», disse Obama do homem cujo exemplo o inspirou a entrar na política ainda estudante.
«Nada do que conseguiu era inevitável. No arco da sua vida, vimos um homem que conquistou um lugar na história pela luta e perspicácia, persistência e fé (...) Mostrou-nos o poder da ação, de correr riscos em defesa dos nossos ideais», sublinhou.
Obama considerou que a morte de Mandela deve ser um tempo de tristeza, mas também deve marcar um momento de inspiração que as pessoas devem aproveitar para perceber como podem mudar as suas vidas.
O Presidente dos Estados Unidos deixou clara a diferença entre o triunfo de Mandela sobre o regime racista do "apartheid" e o percurso dos norte-americanos no sentido da justiça racial.
«Michelle e eu somos beneficiários dessa luta», disse Obama, comparando o papel de Mandela na África do Sul, com os seus próprios heróis políticos, como os pais fundadores dos Estados Unidos e o chefe de Estado assassinado Abraham Lincoln, que libertou os escravos.
Ban Ki-moon: Madiba é um dos grandes exemplos da História
Por seu turno, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, qualificou Nelson Mandela como um dos grandes exemplos da História. «Foi mais que um grande líder do seu país. Foi uma das grandes lições da História, alguém que pregava pelo exemplo», disse Ban.
O responsável da ONU destacou a capacidade de perdoar de Mandela e a sua luta pela «liberdade, igualdade, democracia e justiça». Mandela «detestava o ódio», lembrou, assinalando que mesmo morto Madiba» continua a «unir».
«Olhem este estádio: vemos dirigentes que representam numerosas opiniões e pessoas de todas as classes sociais. Estão todos aqui unidos», constatou.
«A África do Sul perdeu um herói, um pai, o mundo perdeu um querido amigo e um mentor», disse ainda, antes de concluir em xhosa, a língua materna de Mandela: Lala ngoxolo (repousa em paz) tutwini (os meus pêsames) et ndiyabulela (obrigado).
As cerimónias fúnebres de Nelson Mandela iniciaram-se com dezenas de milhares de vozes a cantarem o hino nacional da África do Sul.
Quase 100 chefes de Estado, membros da realeza, líderes políticos e cidadãos juntaram-se no estádio Cidade de Futebol no Soweto, onde o chamado 'pai da Nação' fez a sua última aparição pública, durante o Campeonato do Mundo de Futebol de 2010.
Depois do último adeus em Joanesburgo, o corpo de Mandela vai estar exposto durante três dias na vizinha Pretória, a capital, antes de, no domingo, ser finalmente sepultado nunca campa modesta, junto dos mortos da sua família, em Qunu, a sua terra natal, na província do Cabo Oriental.