Um protesto para exigir controlos da vigilância que a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos pode exercer sobre os cidadãos juntou hoje em Washington cerca de 4.500 manifestantes, de acordo com a organização da manifestação.
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O protesto surge no seguimento das recentes revelações de que as agências de informações dos Estados Unidos terão espiado não só os seus cidadãos como também líderes mundiais, o que já levou a que a chanceler alemã, Ângela Merkel, e o Presidente francês, François Hollande, se tenham unido para exigir um compromisso por parte dos norte-americanos para evitar que voltem a ser escutados.
Exatamente no dia em que se assinalam 12 anos da aprovação da 'lei patriótica' que, no pós-atentado de 11 de setembro de 2001, autorizou a expansão do alcance da recolha de informação no âmbito do combate ao terrorismo, milhares de manifestantes exigiram hoje o fim da «espionagem em massa».
Nas ruas da capital dos Estados Unidos gritou-se «parem com o Governo secreto, parem com a espionagem norte-americana, parem de mentir», enquanto, por baixo das janelas do Capitólio, sede do Congresso norte-americano, se agitavam bandeiras onde se podia ler «parem de nos espiar».
Ao Congresso foi entregue uma petição, que decorreu na Internet, com 575 mil assinaturas de pessoas que reclamam dos legisladores que seja revelado «o alcance completo dos programas de espionagem da NSA».
A agência norte-americana tem estado debaixo de fogo desde que o ex-consultor da NSA, Edward Snowden, revelou publicamente os programas de espionagem que incluíam históricos de navegação na Internet e registos telefónicos de milhões de cidadãos dos Estados Unidos, e líderes mundiais.
«Não é sobre direita e esquerda, é sobre o que é de direito e o que está errado», disse aos manifestantes Craig Aaron, presidente do grupo de defesa dos media e tecnologia 'Free Press'.
Trevor Tim, de um grupo de defesa dos direitos eletrónicos, afirmou que esta foi a primeira vez, desde que rebentou o escândalo da NSA, que os norte-americanos se juntaram em defesa da sua privacidade.
«A opinião pública mudou completamente no que diz respeito à questão da NSA e da privacidade», declarou.
Nas proximidades, um ativista exibiu um 'poster' que mostrava um computador em cujo ecrã se podia ler "desliguem o 'Big Brother'", numa alusão ao livro '1984', de George Orwell, que retratava uma sociedade hipervigiada.
No início do escândalo, o presidente dos Estados Unidos Barack Obama revelou uma série de medidas para garantir mais transparência nos programas de vigilância.
O Congresso pretende promover novas audições sobre o programa de espionagem nas próximas semanas, e diversas leis estão a ser preparadas para corrigir o sistema.
Segundo fontes do Governo norte-americano, citadas pelo diário The Washington Post, James Clapper, diretor nacional dos serviços de informação, está a alertar as secretas de países aliados para a possibilidade de Snowden revelar detalhes de operações conjuntas altamente sensíveis.
Snowden, que se encontra exilado na Rússia, pode ter na sua posse mais de 30 mil documentos da rede de informações JWICS, que agrega dados do Pentágono, Departamento de Estado e agências de segurança e espionagem, adiantou aquele diário.