"Mesmo que me custe a vida." Narges Mohammadi garante que vai continuar a "lutar pela igualdade"
No dia em que recebe o Nobel da Paz, a ativista de 51 anos inicia uma nova greve de fome.
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A ativista iraniana Narges Mohammadi, atualmente detida no seu país, garante que "nada" a vai "travar" e que vai continuar "a lutar pela liberdade e igualdade", mesmo que isso "custe" a sua própria vida.
No dia em que recebe o Prémio Nobel da Paz em Oslo, onde será representada pelos filhos, Narges Mohammadi, que luta há décadas pelos direitos das mulheres no Irão, envia uma mensagem que vai ser lida na cerimónia.
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"Nada me vai travar. Nada. Nem a prisão, nem a tortura psicológica, nem o confinamento solitário, nem as sentenças atrás de sentenças", sublinha.
A ativista prossegue e deixa uma promessa: "Vou defender a liberdade e a igualdade, mesmo que isso me custe a vida."
Em outubro, no anúncio do prémio, a presidente do Comité Nobel da Noruega explicava a escolha de Narges Mohammadi com três palavras: "Mulheres, vida e liberdade."
Três símbolos de uma luta contra a opressão das mulheres no Irão e a favor dos direitos humanos e da liberdade para todos.
Esta tem sido, contudo, uma luta com um preço elevado. Ao todo, Narges foi presa 13 vezes, condenada cinco vezes a um total de 31 anos de cadeia e ainda a 154 chicotadas.
Mais tarde, numa entrevista, a presidente do Comité Nobel resumiu: "Ela é o símbolo daquilo que significa lutar pela paz."
A luta de Narges continua por outras mulheres como Mahsa Amin, a jovem morreu numa prisão iraniana às mãos da chamada polícia dos costumes, acusada de usar o véu islâmico de forma desadequada.
Amin foi também distinguida com o prémio Sakarov, do Parlamento europeu, mas a família, que deveria recebê-lo na terça-feira em Estrasburgo, foi impedida de embarcar
pelas autoridades iranianas e viu os passaportes foram apreendidos.
Roberta Metsola, presidente do Parlamento europeu, já exigiu a Teerão que autorize a família de Amin a viajar, no entanto, o pedido ainda não tem resposta.
Narges tem 51 anos, passou a maior parte das últimas duas décadas na prisão e lá continua. Esta sexta-feira, dia internacional dos direitos humanos, está de novo em greve de fome.
Mohammadi, que fez campanha contra o uso obrigatório do hijab e a pena de morte no Irão, vai entrar em greve de fome "em solidariedade" com a minoria religiosa Baha'i, avançaram o seu irmão e marido numa conferência de imprensa na capital norueguesa, na véspera da cerimónia de entrega do Prémio Nobel.
A ativista, que sofreu um ataque cardíaco em 2022, cumpriu em novembro uma greve de fome contra a falta de cuidados médicos na prisão e o uso obrigatório do véu islâmico, depois de ter sido recusada a ir a um hospital para fazer uma consulta, porque se recusou a usar o hijab.
O Governo iraniano considerou a atribuição do prémio à ativista como "um ato político" e uma medida de "pressão" do Ocidente.
A jornalista e ativista não vê os filhos, que estão em Paris, há oito anos e passou longos períodos em confinamento solitário.