Nobel da Paz entregue a iraniana é sinal de "esperança" para a liberdade de povo "solitário"
A entrega deste prémio a Narges Mohammadi é também uma mensagem para os Estados Unidos, segundo Yaser Shiran, que acusa os norte-americanos, assim como alguns países europeus, de legitimarem "o regime brutal de Teerão".
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O iraniano Yaser Shiran, que está em Portugal desde 2014 - há quase dez anos -, considera que o Prémio Nobel da Paz de 2023 atribuído a Narges Mohammadi é um sinal de "esperança" para a liberdade do povo iraniano.
"Para mim, este Nobel mostra que, num mundo livre, ainda há esperança de ajudar o povo do Irão a obter a sua liberdade", afirma o iraniano em declarações à TSF.
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Yaser Shiran fala com um tom de felicidade, que não deixa esconder o entusiasmo que sente por ver uma figura tão importante na luta contra o regime opressor de Teerão ser reconhecida.
"Depois de muitas notícias más este ano passado, estamos muito felizes por ver esta notícia", sublinha, sem deixar de apontar críticas a alguns países europeus e aos EUA por, muitas vezes, legitimarem "o regime brutal" do Irão.
O iraniano lamenta ainda que as atitudes dos Estados estrangeiros tenham feito a população do seu país sentir, em muitos momentos, que estão "sozinhos".
"Quando vemos Biden - o Presidente dos EUA - dar seis mil milhões de dólares ao regime, sentimo-nos solitários. O povo do Irão está realmente sozinho. Narges merece este prémio", defende.
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Por isso mesmo, Yaser Shiran considera que a entrega deste prémio a Narges Mohammadi é também uma mensagem para os Estados Unidos.
Mohammadi passou grande parte das últimas duas décadas a entrar e sair da prisão por causa da sua campanha contra o hijab obrigatório para as mulheres e a pena de morte. Ao todo foi "detida 13 vezes, condenada outras cinco vezes e sentenciada a 31 anos de prisão e 154 chicotadas".
A ativista e outras três mulheres estão na prisão de Evin, em Teerão, por terem queimado os seus hijabs para assinalar o aniversário da morte de Amini, a 16 de setembro.
O Irão ocupa o 143.º lugar entre os 146 países classificados no Fórum Económico Mundial em matéria de igualdade entre homens e mulheres. As autoridades iranianas reprimiram duramente a revolta "Mulher, Vida, Liberdade" no ano passado. Segundo a organização Iran Human Rights, 551 manifestantes, incluindo 68 crianças e 49 mulheres, foram mortos pelas forças de segurança e milhares de outras pessoas detidas.
O Comité Nobel norueguês, que atribui o Prémio Nobel da Paz, disse esperar que o Irão liberte a laureada para que possa estar presente na cerimónia de entrega do prémio, em dezembro.