Migrantes resgatados na Grécia "destroçados" e em estado psicologicamente "preocupante"
Há 70 migrantes resgatados no campo dos Médicos Sem Fronteiras nos arredores de Atenas: são todos homens e há oito crianças não acompanhadas.
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Dimitris Papanicolaou, coordenador-geral adjunto dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), é uma das pessoas que prestado auxílio aos sobreviventes do naufrágio, ao largo da Grécia, de um barco que transportaria 500 a 700 pessoas, várias centenas delas no porão, sobretudo mulheres e crianças.
O naufrágio correu na noite de terça para quarta-feira, a 47 milhas náuticas (87 quilómetros) de Pilos, no mar Jónico. Desde quarta-feira, as equipas de socorro salvaram já 104 pessoas e recuperaram 78 corpos. A guarda costeira grega disse que nenhum dos migrantes a bordo do barco de pesca estava equipado com colete salva-vidas.
"As pessoas estão desgastadas, destroçadas psicologicamente e num estado muito sério, porque passaram fome. Estiveram cinco dias sem comer", conta Papanicolaou no local.
As equipas dos MSF dão assistência "médica e psicológica" aos migrantes que vão chegando ao campo de Malakasa, nos arredores de Atenas, e é a dimensão psicológica a que mais dimensão tem: quem chega está "muito mal e num estado preocupante".
Dimitris Papanicolaou conta que os migrantes estão "destroçados porque muita gente perdeu a família e não têm notícias", algo agravado pelo facto de "muita gente" ainda não ter sido encontrada.
Dos mais de cem sobreviventes, cerca de 70 estão no campo dos MSF, sendo "todos homens e oito crianças não acompanhadas".
Esta sexta-feira, a Unicef manifestou "profunda tristeza e choque" perante as informações de que até cem crianças possam estar entre os migrantes que ficaram presos no porão da embarcação que naufragou.