Milhares de pessoas acompanharam o veículo que transportou o corpo do Presidente venezuelano do Hospital militar central até à Academia militar, onde amanhã vão decorrer as cerimónias fúnebres.
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Coberto com a bandeira tricolor da Venezuela, e após uma breve cerimónia religiosa, o caixão foi transportado do hospital em ombros por membros da Guarda de Honra, e posteriormente colocado num carro funerário, que iniciou o percurso de alguns quilómetros entre militares, apoiantes e familiares.
De todo o mundo continuaram a surgir reações ao desaparecimento do líder da revolução bolivariana, enquanto permanecem dúvidas sobre quem é o Presidente interino do país, uma situação que deverá ser o Supremo Tribunal de Justiça venezuelano a esclarecer.
Devido ao agravamento do estado de saúde, Chávez não chegou a tomar posse após a sua vitória eleitoral de outubro.
Chávez morreu na terça-feira, quase três meses depois de ter sido operado pela quarta vez a um cancro, a 11 de dezembro de 2012, em Havana, e quase cinco meses depois de ter sido reeleito para o seu terceiro mandato, em 7 de outubro.
A Autoridade Palestiniana, a Síria e o Irão lamentaram com pesar o desaparecimento de Chávez e em Cuba o Governo decretou três dias de luto nacional, até sexta-feira, e anunciou para quinta-feira um dia de homenagem em todo o país.
Em contraste, Israel recusou emitir qualquer comentário, enquanto o chefe da diplomacia alemã desejou o "início de uma nova era" para a Venezuela e o rei Juan Carlos, que em 2007 se envolveu num diálogo ríspido com Chávez durante a conferência Ibero-Americana em Santiago do Chile, transmitiu condolências ao vice-presidente, Nicolás Maduro.
Em Bruxelas, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, optou por sublinhar, em mensagem conjunta com o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, o legado de Chávez no "desenvolvimento social" da Venezuela e a contribuição "para a integração regional da América do Sul".
Em Portugal, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, enviou uma mensagem de condolências ao presidente do Parlamento, Diosdado Cabello, enquanto o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, o ex-primeiro-ministro José Sócrates, e o presidente do governo regional da Madeira, Alberto João Jardim, também lamentaram o desaparecimento de Chávez.
Em visita oficial à Índia, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, recordou o "amigo de Portugal" e o "homem que marcou a América Latina", e decidiu regressar mais cedo para representar o Estado português no funeral do Presidente venezuelano.
No período de transição agora iniciado, até às eleições que deverão decorrer no prazo de um mês, permanecem as dúvidas sobre quem deverá assumir a presidência.
Um setor no interior do regime aponta para Diosdado Cabello, enquanto o vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, se afirma como o candidato do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), o partido de Chávez, nas próximas eleições presidenciais.
Segundo um desejo manifestado pelo próprio Chávez, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela anunciou hoje que Nicolás Maduro assumirá formalmente as funções de Presidente interino e que dentro de 30 dias haverá eleições.
Numa referência ao período de transição, a Amnistia Internacional (AI) pediu hoje que, após a morte de Chávez, a transição na Venezuela tenha em conta a «urgência» de enfrentar os problemas em relação aos direitos humanos.
«Pedimos aos que assumirem o testemunho durante a transição e no período seguinte que garantam a resolução dos problemas de direitos humanos e que os tratem como um assunto urgente», indicou a AI num comunicado divulgado em Washington.
Pelo menos uma dezena de chefes de Estado vão participar, na sexta-feira, nos funerais, e alguns já se encontram em Caracas, caso da Presidente do Brasil, Dilma Rousseff que também decretou no país três dias de luto nacional.