Ministra espanhola garante que "nada se altera" nas ligações elétricas ibéricas a França
"Os países mantêm as suas intenções de alargar as interligações elétricas", confirma também o ministro português da Energia.
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A ministra espanhola da Energia, Ribera Rodriguez garantiu, na tarde desta quarta-feira, que "nada se altera" em matéria de interligações elétricas da Península Ibérica à rede europeia de energia, relativamente aos acordos que estavam firmados desde 2015.
"As previsões para as interconexões elétricas pendentes não foram de todo afetadas", assegurou a ministra espanhola, lembrando que estão previstas "uma interconexão submarina em construção através do Golfo da Biscaia e duas interconexões pendentes através dos Pirenéus".
A falar no Luxemburgo, à margem de um conselho extraordinário de Energia, a ministra lembrou que, no que diz respeito às ligações energéticas à rede europeia, a Península Ibérica está sempre "dependente da boa vontade de França", tendo sido a esse nível a única alteração, que se registou desde 2015.
"Pela primeira vez, ouvimos o Presidente da República, Emmanuel Macron, insistir na necessidade de reforçar e acelerar as interconexões elétricas [e] (...) em resposta, os governos de Espanha e Portugal declararam que concordam plenamente com esta abordagem e que o que precisamos é de ter projetos específicos identificados agora, para não perdermos o horizonte temporal de poder dispor de uma interconexão elétrica de 15% até 2030", afirmou.
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Ribera Rodriguez espera que as ligações elétricas pendentes entre Portugal e Espanha possam avançar o "quanto antes", dentro de um "calendário" específico para a sua conclusão.
"Existem três interconexões elétricas ainda não operacionais entre Espanha e Portugal que foram acordadas pelos governos de Portugal, Espanha e França em 2015", lembrou, detalhando que uma delas está em construção e espera-se que esteja concluída o mais cedo possível.
"Há duas que têm de apresentar o seu calendário e ser ativadas nos próximos meses e dentro dos prazos correspondentes à sua construção e execução", acrescentou.
O esclarecimento surge depois de o PSD ter reclamado a presença de António Costa no Parlamento para explicar os termos do acordo fechado ao nível político entre Portugal, Espanha e França, para uma interligação de um 'pipeline' de gases renováveis entre Barcelona e Marselha.
A iniciativa dos três países levantou dúvidas em Portugal sobre se este projeto implicaria o abandono do plano anterior para uma travessia dos Pirenéus para levar a energia ibérica à Europa. A falar no final da reunião extraordinária, no Luxemburgo, o ministro do Ambiente e da Energia, Duarte Cordeiro quis esclarecer.
"O PSD veio dizer publicamente que este acordo prejudicava Portugal e não beneficiava a Portugal, porque aparentemente, quando comparado com o acordo de 2015, teriam caído duas interligações elétricas nos Pirenéus", afirmou o ministro, assegurando "que não caíram nenhumas interligações elétricas nos Pirenéus".
"Portanto, a pergunta é: se nós vamos ter mais interligações com este acordo do que as que tínhamos em 2015 ou se teremos as mesmas. E, portanto, [as declarações da ministra espanhola] não são a prova que não há nenhuma alteração, relativamente às interligações elétricas que estavam previstas para 2015."
"O acordo de 2015 era um acordo que estava bloqueado, que era uma mão cheia de nada, na medida em que não estava assegurado nem financiamento. E havia um bloqueio por parte da França relativamente à implementação, desde logo daquilo que era a interligação de gás", lembrou, dizendo que os "os três países (...) desbloquearam a interligação a gás ao encontrar uma solução de Barcelona-Marselha como alternativa à anterior ligação a gás pelos Pirenéus, conseguiu se desbloquear a ligação a gás".
"É referido que os países mantêm as suas intenções de alargar as interligações elétricas e, portanto, obviamente, com isso refere que há uma uma vontade de continuar o reforço das interligações elétricas", vincou.