
epa07164939 Pro Brexit demonstrators protest outside Downing Street in London, Britain, 14 November 2018. British Prime Minister Theresa May is holding an emergency Brexit cabinet meeting to try to sell her Brexit deal to her cabinet ministers. EPA/ANDY RAIN
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Está a ser um dia de demissões em massa no governo britânico. A vida de Theresa May está cada vez mais complicada.
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O ministro britânico para o Brexit Dominic Raab e a ministra do Trabalho e Pensões britânica Esther McVeyo demitiram-se esta quinta-feira em desacordo com o projeto de acordo entre o Reino Unido e a União Europeia.
Também o ministro junior para a Irlanda do Norte Shailesh Vara, a ministra júnior para o Brexit Suella Braverman, a ministra-adjunta da Educação Anne-Marie Trevelyan e Ranil Jayawardena, responsável pela ligação entre o ministério da Justiça e o Parlamento anunciaram a saída.
No Twitter, Dominic Raab partilhou a carta de demissão enviada à primeira-ministra britânica. "Não posso em boa consciência aceitar os termos da proposta de acordo com a União Europeia", escreveu.
Raab diz ter essencialmente duas razões para rejeitar o acordo: por um lado entende que "o regime regulatório proposto para a Irlanda do Norte representa uma ameaça real à integridade do Reino Unido", e por outro, porque não pode aceitar a cláusula de segurança para evitar que uma fronteira na Irlanda "seja indefinida" e que a União Europeia "tenha direito de veto" sobre a capacidade do Reino Unido em rescindi-la".
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Já Jacob Rees-Mogg, eurocético e deputado do partido Conservador de Theresa May, assinou uma moção de censura contra a primeira-ministra britânica.
A primeira-ministra britânica esclareceu que o rascunho do acordo para o Brexit aprovado na quarta-feira "não é o acordo final", mas é do interesse nacional e permite sair da UE "de forma suave e ordeira".
"O que nós concordámos não foi o acordo final. É um rascunho de um tratado. Significa que vamos deixar a UE de uma forma suave e ordenada e define a estrutura para um relacionamento futuro que garante o interesse nacional", vincou Theresa May.
Depois destas demissões a libra esterlina deu um enorme tombo na bolsa face ao euro e ao dólar.
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O Governo britânico aprovou na quarta-feira o rascunho de acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia, um documento de cerca de 500 páginas que abrange questões como a compensação financeira devida pela saída, cerca de 39 mil milhões de libras (45 mil milhões de euros) e os direitos dos cidadãos europeus no Reino Unido e dos britânicos na Europa.
Estabelece os trâmites legais que vão regular as relações entre Reino Unido e 27 depois do Brexit, nomeadamente durante o período de transição, que está previsto durar até ao final de dezembro de 2020.
Estipula também o futuro estatuto de Gibraltar, o território britânico no extremo da Península Ibérica que Espanha reivindica, e das bases militares britânicas no Chipre.
Por fim, vai definir um procedimento para garantir que a futura fronteira na província britânica da Irlanda do Norte com a República da Irlanda, Estado membro da União Europeia, continua a funcionar sem controlos sobre a circulação de pessoas, serviços ou mercadorias.
Esta questão foi considerada importante pelas duas partes devido ao risco de violar os acordos de paz de 1998 para a Irlanda do Norte, que pôs fim a um conflito de décadas entre republicanos católicos e unionistas protestantes.
Esta quinta-feira, o presidente do Conselho Europeu anunciou que prevê convocar uma cimeira extraordinária de líderes da União Europeia a 27 para dia 25 de novembro, para "finalizar e formalizar o acordo de Brexit".
[Notícia atualizada às 15h00]