O ministro Ignazio La Russa considerou hoje que o governo conservador de Berlusconi «não corre risco» apesar dos resultados adversos nos referendos realizados no domingo e segunda-feira.
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Numa entrevista publicada hoje no diário La Stampa, La Russa referiu-se ao próximo teste parlamentar de 22 de Junho a que se submeterá o executivo conservador na Câmara dos Deputados para comprovar os apoios com que conta.
La Russa mostrou-se convicto de que o partido federalista Liga do Norte, aliado de Berlusconi no governo, não romperá a aliança, apesar das críticas e das advertências que alguns membros daquela formação lançaram nos últimos dias.
O partido de Berlusconi, o Povo da Liberdade (PDL), já sofreu um sério revés há duas semanas quando perdeu a câmara de Milão, um dos feudos tradicionais e governado durante 20 anos pelo centro-direita e na altura a Liga do Norte acusou Berlusconi de ter feito o partido perder votos.
Uma das principais divergências, neste momento, entre a maioria conservadora é a petição de uma reforma fiscal pela Liga, à qual se opõe o titular da Economia, que não a considera necessária neste momento.
Berlusconi sofreu segunda-feira um novo revés político nas urnas, quando os italianos decidiram em referendo recusar o regresso à produção de energia nuclear, bem como invalidar a lei do «legítimo impedimento», um dos escudos judiciais a que se tinha agarrado para não comparecer em julgamentos que tem pendentes.
Das fileiras do governo tinha-se promovido a abstenção para evitar a validade dos referendos sobre temas muito precisos, como o regresso à energia nuclear e a lei do «legítimo impedimento».
Contudo, a taxa de participação nos referendos foi superior a 57 por cento.
Os resultados das consultas indicaram uma esmagadora vitória do «sim» à derrogação das leis submetidas a consulta, já que cerca de 95 por cento dos votantes se expressaram afirmativamente.
Além do «legítimo impedimento» e do regresso da produção de energia nuclear, os italianos também recusaram em referendo a lei que abria as portas à privatização da água e parte de outra lei sobre tarifas do serviço hídrico.
A imprensa italiana sublinhou hoje o golpe infligido pelos italianos ao governo, enquanto o principal partido da oposição, o Partido Democrata (PD), pediu a demissão de Berlusconi.